29.11.15

Diana Costa

(1) Instrução para a realização de um desenho, ou uma série de desenhos (a ser realizada durante a semana após o seminário) - Realizado por Ana Rita Pereira


1. Escolhe um copo de vidro que queiras desenhar.
2. Escolhe um tipo de papel, o formato e o material que vai registar o desenho.
3. Desenha o copo. Regista meticulosamente todos os seus traços.
4. Parte o copo.






Substituir foi o verbo seleccionado para a instrução da realização de um desenho. A ideia desta instrução consistia na substituição de um objecto que no acto de desenhar estava presente, e quando este desenho estivesse finalizado o objecto deixaria de existir e era destruído, para que desta forma o desenho actue como elemento substituto. A ideia de substituição de um objecto por um desenho veio de forma a assumir uma posição de uma outra coisa, de correspondência ou equivalência.
Esta instrução serviu para reflectir o desenho enquanto substituo de alguma coisa, mas, porém a palavra substituir não será a melhor. Um copo compreende uma função - encher, beber, transporta um líquido - o desenho apenas transporta a sua forma, as suas linhas e não propriamente a sua função. Mas o que me interessava para esta instrução não seria propriamente a sua função mas sim a sua presença. A acção de quebrar o copo, no fim do processo de desenhar, era tornar nula a existência deste objecto. O que permanece é o seu registo, o seu último apontamento e, de alguma, forma o desenho valoriza o objecto. O desenho aqui é levado num acto de intelectualidade e sensibilidade, cuja formulação e definição se reinventam correspondendo às instruções oferecidas.




(2) Instrução para a realização de outra acção a ser executada no espaço da faculdade - Realizado por Ana Rita Pereira







Esta instrução para a realização de uma outra acção, consistiu numa experiência de intersecção do corpo com o espaço arquitectónico. Através do desenho era pedido para que a pessoa encontrasse o local onde iria acontecer esta conciliação. Era pretendido que o corpo tomasse posse do espaço, tornando-o assim parte deste espaço, a conciliação de duas vertentes num só. A unificação e igualdade de duas partes distintas. Esta acção passa pela representação de um estado mental representado pela postura e pelo gesto que o corpo assume. A instrução dada serve de algum modo para assumir uma forma aparentemente passiva de adaptação e configuração do corpo com o espaço arquitectónico proposto. Desta forma o corpo de quem está a realizar a instrução reage ao ambiente onde se encontra posicionado, de maneira completamente diferente do que implicaria uma situação normal.
Na minha instrução o desenho toma um papel explicativo pelo qual compromete ou desafia os outros a actuar e agir de uma certa forma orientada. Aqui o desenho também tomou uma posição de modelo clarificador da acção, pois podemos observar a posição que o corpo ocupa no espaço proposto, e desta forma a pessoa actua conforme a imagem proposta.