Não
Reinvenção das acções e funções que podem ser feitas no espaço da biblioteca.
Não, como uma ordem, mas também como o lugar finito de uma conversação ou acção entre duas pessoas.
No espaço da biblioteca, utilizei a limitação da fala imposta neste espaço, transpondo-a para o domínio da palavra escrita. Utilizando apenas os títulos dos livros presentes na biblioteca, comuniquei sucessivamente através da escolha selectiva da palavra não, a partir da referência de uma das cenas de Une femme est une femme, de Godard, em que o casal discute, utilizando títulos de livros para se insultarem.
A câmara não pode fotografar-me, pois, ao utilizar os livros como barreira, não mostro a minha face. Para além disso, os livros comunicam a negação do consenso na relação da câmara e fotografado.
As regras do espaço e também da acção do fotografar são quebradas pela comunicação do não através dos livros; simultaneamente, eles cobrem, eles negam, finalmente protegem e finalizam o evento.
Como modo de arquivo, a fotografia recupera o evento performativo que já foi perdido, que está no passado; por outro lado, cancela a pessoa que captura esse mesmo momento e todo o espaço envolvente. O espaço ultimamente perde-se, passando a ser apenas um referente para a acção que é documentada.