2.5.18

Transferência ato-imagem – performance e documentação


Brinquei com a relação do tempo e o correr da vida, passado e presente. Sem deixar escapar o futuro (agendando anotações de entrega e lembrança de aniversário). E ao mesmo tempo, numa intenção de reflexão da vida e do processo criativo, em um sempre presente estado de busca e a sensação de estar sendo buscada. Gosto de pensar aqui, sobre as possibilidades que foi o passado anotado e de quem é o presente e o futuro ali guardados. E ao mesmo tempo, pensar como se estabelece essa relação: uma vida que acontece no presente de 2018, e um passado que aconteceu há meio século. E o presente sendo registrado nesse passado.
A ação foi calculada. O resultado não foi. Estava ciente que se tratava de uma agenda antiga, mas não sabia o que havia dentro dela. É como se no gesto, estive algo a acontecer, a cada folhear um território novo. Estava sendo guiada por uma vontade curiosa e disposta ao outro, ao desconhecido. Um jogo que assume uma relação de identificação do tempo presente, incluindo nome e telefone. Por outro lado, uma sugestão do não aparecer. Não há nome, não há telefone da outra pessoa. Mas há possibilidades. Recortes que remontam um tempo possível que passou. 
Há nesse gesto, qualquer coisa de continuação da presença:





(alguns dos registros feitos)


Marcação do lugar da ação:

A ação foi realizada no meu lugar de estudo, sobre a mesa do meu quarto. Meu lugar afetivo, com recortes de investigações, sonhos, planos, realizações. Tudo em tempos diversos. 
Estes documentos da ação executada podem alcançar o sentido documental que Jacques Derrida elege como significado transcendental.


Aqui para mim: um movimento aceso de significados e significantes 
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