22.4.22

Instrução para um desenho


Utilizando um utensílio cortante (x-acto) cria um desenho a teu critério numa folha de papel. O objetivo é não cortares o papel, no entanto deixando uma marca. Pensa no exemplo de uma escultura de baixo relevo ou uma gravura. Quanto mais fino o papel maior o desafio. Podes pensar também numa alternativa desta marca que pode ser deixada.



Instrução para uma ação
Escolhe uma das duas propostas.

Pensar o processo artístico como ritual. A partir da goma arábica e das esponjas fornecidas simula o processo de impressão litográfica. Começa por arranjar uma matriz, esta pode ser uma simples folha de papel. Precisas também de água. Alternadamente coloca pequenas porções de goma arábica e água esfregando com a esponja a totalidade da matriz. De uma forma geral, quanto mais longo for este processo maior a nitidez da imagem. Procura a repetição na "limpeza" da matriz. Espalhar a goma. Limpar a goma. Espalhar a água. Limpar a água.


Apagar como identidade. Utilizando a lixa como material desgastante escolhe uma superfície para apagar. Pode ser um desenho, uma imagem, um objeto ou pertencente teu. De preferência até podes criar um destes exemplos para seguidamente apagar. Dependendo na escolha do material recetor recolhe os restos do material desgastado.



Instruções do Filipe Vaz:



(1)






(2)

As instruções que entreguei ao Filipe em forma de email partem de ações artísticas que já tinha realizado noutros projetos. Tenho interesse por ações de natureza violenta ou destrutiva sendo o recipiente desta ação o papel ou outro tipo de material. Como tal, selecionei processos como o desenho do x-ato (sem este ser corte) e o apagar da lixa. Procurei descrever detalhadamente estes processos de forma a que as ações que já realizei fossem repetidas em parte pelo Filipe deixando obviamente espaço para liberdade criativa. As instruções que recebi quase de forma oposta apresentam indicações abertas de modo a que se cria bastante espaço para a especulação.

Primeiramente como resposta à instrução do desenho, de forma a criar desenhos reflexivos de sentimentos causados pela imagem comecei por analisar a imagem e refletir sobre os meus sentimentos. Sendo que os sentimentos não são de todo algo visual, transcrever este aspeto num desenho foi um desafio que requereu simplificação. Os sentimentos que destaco são a fúria e o desamparo. Visto que a imagem retrata um caso de uso excessivo de força por parte de uma autoridade, empatizo com a vítima. Com isto os desenhos refletem sobre esta vontade fútil de tentar ajudar a vítima sendo os trabalhos a branco desenhos com as mãos, água e uma borracha.

Como instrução para a realização de uma ação, apenas deparo-me com a frase: Plante sementes de curiosidade na cabeça das pessoas sempre que possível. A solução surgiu como um presente. Percebi que a única forma de permanecer de forma efetiva na memória das pessoas seria através de algo dado, semelhante a um ato publicitário. Pensei na possibilidade de um flyer que poderia conter informação útil para determinado produto ou evento. Consequentemente entrego aos meus colegas de turma um papel com uma hora. Hora essa que correspondia com alguns minutos após a entrega. Essencialmente a performance acaba por depender do recetor na maneira como este reage, ou seja, na capacidade de uma mensagem críptica, como uma simples data horária, de cativar e intrigar.