O ato de se maquiar é um jeito convencional e quotidiano de autorrepresentação. Com a maquiagem, falamos de jeito não verbal sobre quem somos ou quem desejamos ser. Imediatamente associamo-la á feminidade, mas também tem outras conotações, como a de tapar os “defeitos” do rosto e aproximá-lo á perfeição, a qual depende do cânon de beleza de cada época e lugar. Também se relaciona com a vaidade e a superficialidade, e na outra cara da moeda, á inseguridade que a sociedade cria nas mulheres sobre o seu aspeto físico, potenciada pela indústria da cosmetologia.
Mas também se emprega a maquiagem de jeito criativo, para potenciar ou ocultar aspetos da própria personalidade ou identidade social, por exemplo, para ser identificada como membro de uma tribo urbana, para dar uma imagem profissional em determinados empregos, ou simplesmente para explorar a própria identidade.
O desvio, ou alotopia, encontra-se em que usei a maquiagem para criar uma espécie de autorretrato (o autorretrato clássico no que se cria a imagem do rosto com pintura e pinceis sobre uma tela é outro grau-zero para esta ação) estampando a minha cara exageradamente maquiada contra o papel e desenhando os contornos com lápis de olhos e de lábios.