7.11.22

Francisca Costa- Transferência do Uso



   O primeiro momento de ação surgiu através de uma prática que consistia em focar-me em três verbos distintos: cortar, esfregar e acender. Estes três verbos foram a minha companhia e o meu foco durante os 30 minutos de exercício, tornando-se quase compulsivos nos últimos momentos de exercício. A maior dificuldade encontrada durante este processo foi alienar-me de todos os pré conceitos do que é o desenho e concentrar-me no ato (performativo) da ação. Utilizei a técnica de fechar os olhos e procurar reproduzir os movimentos sem pensar no desenho como obra final e como resultado.



  Num segundo momento, associei o ato de abraçar com estender.    Durante o tempo de atuação foquei-me em representar a ação de estender a roupa, mas transferir o sentimento e os movimentos involuntários feitos pelo corpo num abraço.

   Procurei durante o exercício transferir as respirações mais profundas e as contrações que o corpo faz durante o ato de abraçar enquanto fazia os movimentos de baixar, apanhar a roupa da bacia, sacudir e estender na corda.



   
   No último momento, investiguei o movimento de pintar, as pinceladas e procurei deslocá-lo do seu ambiente original e académico e utilizar o próprio corpo para o representar. Durante o ato subi para uma mesa onde seria normal a ação decorrer, mas amarrei o meu próprio cabelo e simulei o ato de pintar na mesa.

   Esta associação cabelo/ pincel acontece pela natureza destes dois objetos se poder associar naturalmente e os movimentos normalmente feitos com a mão passaram a ser feitos com o corpo todo e sobretudo com a cabeça.





Penso que com este agregado de exercícios experimentais foi-nos bastante fácil compreender os pilares fundamentais da transferência do uso bem como o seu modo de atuação.