1.11.14

Ana Margarida Ramos


 





Na exploração da transferência-de-uso optei por transferir os gestos de maquilhar, usando rímel e lápis liquido para os olhos. O propósito desta ação era fazer uso dos gestos, como estratégia e referência para desenhar a paisagem marítima da costa do mar do norte em Koksijde, uma cidade flamenga na Bélgica. O obstáculo encontrado neste exercício foi, talvez, não puder optar por outros gestos para desenhar, obtendo um determinado registo com os gestos estipulados na transferência de uma ação como rimar as pestanas. Ao fazer uso desta transferência era como estivesse a rimar e a pintar de negro a paisagem. 



Na transferência entre duas ações respirei para um saco de papel, inspirava e expirava, enquanto raspava uma pedra no muro da praia de Falmouth, no Sul de Inglaterra, de forma a traçar uma linha com a respiração, com a sua direção e intensidade. O facto de ter que respirar para um saco de papel fez com que tivesse que controlar a respirar o que veio a contaminar a forma como traçava a linha no muro. Todo o ambiente neste dia era de tempestade, principalmente muito vento, o que me obrigava, ainda mais, a respirar intensamente para o saco de papel.


No redireccionamento de um ato conotado com os meios do desenho usei giz branco para contornar as minhas pegadas à medida que ia caminhando num muro alto junto ao mar, na mesma praia do exercício anterior. Neste exercício fiz um esforço físico na medida que cada passo que dava tinha que contornar a minha pegada, sem retirar o pé antecedente, além do equilíbrio que tinha que conseguir, não só pela localização, mas também pelo vento intenso que fazia neste dia, a certa altura comecei a sentir vertigens e fui lentamente contornando as pegadas. Ao todo contornei 76 pegadas.
Concluindo, estes três exercícios foram feitos em viagem enquanto visitava estas cidades, o que de certa forma, serviram como registo da viagem, uma marca que deixei no local, uma ação que fez parte do lugar.