1.11.14

Márcio Pereira




Língua que só lambe não comunica?

A primeira ação foi construída através do verbo "lamber", que sofre uma transferência de uso para o terreno do desenho. A língua (parte do corpo humano) torna-se agora um instrumento para produzir expressão num campo totalmente diferente do habitual. A ideia partiu da observação dos gatos a se lamberem e da sensação de prazer inscrita neste gesto. O propósito da ação situa exatamente em transferir o prazer do ato de lamber para a superfície do desenho. Construir um desenho que tenha em sua constituição essa marca do prazer e que a ação se sustente em uma postura corporal modificada, próxima das praticadas pelo animais que se utilizam de quatro apoios. A partir disso um trocadilho interessante surgiu entre a ideia da língua como uma parte do corpo humano e também como o conjunto de formas verbais e orais de comunicação humana.  A indagação de como essa parte do corpo poderia produzir comunicação que não se utilizassem de palavras foi também o motor dessa ação. A descoberta foi surpreendente:  percebi que através do lamber comunico-me!




Caçambas
Dentro de um espaço caótico de um contentor procuro por elementos que possam criar algum tipo de ordenação. A ação segue a partir de um movimento de improviso e procura que tenta decodificar toda a diversidade de materiais ali dispostos e tentar estabelecer algum tipo de relação entre eles. A procura encontra sentido ao descobrir uma grande quantidade de blocos de gesso misturados com outros materiais. A partir disso me vejo envolvido em um jogo que procura manter o equilíbrio do meu corpo em meio a materiais tão instáveis enquanto empilho esses blocos de forma a também buscar um equilíbrio para essa pilha de blocos brancos. Meu interesse também pelos blocos se justifica pelo contraste entre todo aquele branco junto e aquela diversidade de cores, texturas, etc... encontrada na caçamba.






Desenho em expansão
A partir de um padrão já existente  na entrada do pavilhão das tecnologias, constituído por tijolos dispostos no espaço, construo um desenho rizomático que se expande pelo espaço. Utilizo-me da forma regular em que tais tijolos se encontram disposto para intervir a partir  do desenho com pedaços de blocos de gesso. Percebo que posso tomar partido do padrão já pré estabelecido, mas também criar uma nova configuração através do desenhos. A partir do preenchimento de tais tijolos pela cor branca do blocos de gesso vou criando rizomas com os padrões apresentados pelos tijolos e expandindo o desenho pelo espaço.