8.12.14

ANA MARGARIDA SOUSA _TRANSFERÊNCIA-IMAGEM-ACTO

(1) Instrução para a realização de um desenho, ou uma série de desenhos (a ser realizada durante a semana após o seminário)





Vou ver se sou capaz de entrar no traço deste desenho - ANTON FRANCESCO DONI, 1547.

O desafio desta instrução consiste em dar vários exemplos de diferentes traçados gráficos em função da textura, para a representação dos temas propostos, de forma a descrever e dar forma pela anotação gráfica, procurando assim, um aprofundamento dos elementos e dos processos que determinam a sua representação.

Os exemplos gráficos são a característica do sinal (traço) em que este assume a característica do «objecto», o texto é referente à posição fenomenista do plano de representação e do processo de enfatismo-exclusão dos elementos postos em relação pela representação e pela sua finalidade informativa.

O traçado gráfico em função da textura assume diferentes tipos de desenvolvimento ou características lineares como o entre-cruzado, tracejado e ponteado. O desenho de instrução resulta numa espécie de «grelha» apta a informar visualmente o desenhador sobre as características e naturezas das superfícies de temas a representar como a transparência, as correntes e a mobilidade da água, a instabilidade dos arvoredos e das copas da árvores, a articulação dos relevos de uma pedra pela diferença entre luz e sombra, trabalhar a atmosfera com a distância e o detalhe são alguns exemplos da diferenciação e da manipulação da informação gráfica em função da percepção e do uso destes traçados gráficos que se repetem em harmonia com o propósito de representar e, que resultam numa certa «tensão expressiva».


(2) Instrução para a realização de uma outra acção (que não um desenho), a ser executada no espaço da faculdade, durante o seminário.





Esta instrução para a realização de uma acção teve como base os trabalhos de Marie- Ange Guilleminot que consiste na apropriação e transformação de um objecto pela manipulação da natureza dos materiais e pelas suas características. 

O presente exercício pretendia a transformação de um guarda-chuva num saco para ser transportado ao ombro. Para tal retirou-se as varas e a bengala e, com os nós indicados construiu-se, desta forma, o saco pretendido.

O desenho enquanto proto-performance assume a imagem e a palavra em função de uma ordem e de um protocolo, «Do It», a instrução permite-nos agir sobre alguém, resulta, assim, numa instrução descritiva,processual e operativa numa prática artística. 
«Do-it-yourself» faz do desenho de instrução uma aprendizagem, um sistema que pode ser simples ou complexo, contudo dinamiza e dita algumas regras de jogo.