UMA TRANSFERÊNCIA ATMOSFÉRICA
O objetivo desta
transferência foi alterar o lugar de uma função, de um fenómeno, de um objeto
ou de uma ação, adaptá-los a um lugar novo e documentá-lo. A existência física
deste ato foi deixada em branco, como a ideia que pode ou não vir a ser
realizada, ou então, funcionará somente como um exercício de imaginação.
O que ficou foi
o plano para um ato de transferência de uma atmosfera exterior para um espaço
interior. Pela base deste trabalho foi escolhida uma área-recetor – sala Nº 209
(mais conhecida como WC), no pavilhão de tecnologias - e uma área do exterior -
zona beira o lago que tem algumas árvores de ácer. Estas duas áreas têm cada
uma a sua atmosfera e a sua finalidade. Fundir ou, mais conveniente, sobrepor estas
atmosferas, pois a atmosfera arquitetónica fechada, sombria e degradada do WC
não desaparece com o aparecimento de uma atmosfera “estrangeira” natural e
fresca do exterior. Durante a realização dos desenhos, foram treinados o exercício
de memória visual e sensorial e o exercício de imaginação de uma teleportação física. Imaginei-me deitada
na relva, com as folhas de ácer a cair para a minha cara, depois deitada no chão
da sala Nº209 e as folhas continuaram a cair para mim e quanto mais tempo
passa, mais folhas caem, mais me cobrem, menos eu vejo, a visão está tapada.
Coberta eu de folhas, sem ver o espaço em que estou, sinto-me quase da mesma
forma que no exterior, coberta de folhas, sem me mexer, sepultada nas folhas, paralisada,
fundida com a superfície fria que me hospede.
Os desenhos apresentados exercem o papel das documentações da ação imaginada e planeada, não vivida fisicamente.