Transferências-Ato-Imagem
O trabalho proposto no terceiro seminário tinha como
pressuposto dois momentos de reflecção. O primeiro consistia em desvirtuar um
espaço com determinadas características definidas e reinventá-lo nomeadamente
ao nível de uma ação desviante. O segundo momento passava por documentar em
desenho o que se havia realizado nesse mesmo espaço no âmbito da ação desviante
desenvolvida.
Numa primeira fase escolhi o espaço da cozinha de casa (por
me ter sido impossível estar na faculdade no dia do seminário) e, adotando uma
postura “distante” por forma a encarar o espaço não de forma preconcebida,
retirei-lhe a sua ordem natural e tornei-o no meu local de dormir. Para tal,
estendi um saco-cama em cima de um tapete e coloquei mantas e almofadas
conforme é característico nos quartos de dormir. Para realizar esta tarefa de
desfamiliarização do espaço, instalei ainda um candeeiro como é comum existir
nas mesas de cabeceira. Deste modo invadi o espaço e alterei-lhe a sua função no sentido em que, a fim de documentar a ação descrita, pedi que me
filmassem e, procedendo da mesma forma como faria se me estivesse a deitar para
dormir no quarto (local por defeito, desta ação), deitei-me na “cama” que
descrevi, onde permaneci a “dormir” por cinco minutos . . . até se apagar a
luz. Curioso talvez referir o facto de, no vídeo em que apareço, aparecer
também um felino desconfiado por todo o aparato (também para ele aquele não era
o meu local de dormir, apenas o dele).
Na segunda fase deste seminário, criei um documento sob a forma de um conjunto de imagens, que descreve a ação realizada no espaço conforme o sistema das transições do artista Bernard Tschumi, em Manhattan Transcripts. A ação do dormir, a planta do espaço, e o movimento da ação constituíram assim o documento que criei para documentar a ação.