Sendo que através do desenho se criam
substitutos, - de objectos, pessoas, acções - no meu trabalho funciona como
substituto das memórias dessas mesmas acções que despoletaram determinada
emoção e desta maneira se poderão relacionar com o observador. Neste projecto
pode–se afirmar o desenho como testemunho visual, ficcional ou não, dessas
mesmas acções.
O registo documental da memória acaba
por trabalhar como um instrumento de auto-reflexão e análise comportamental e
emocional, tanto do autor como na resposta do próprio observador.
“Nós
criamos modos de interacção que nos humanizam aos olhos daqueles que observamos,
mas também daqueles que nos estão a observar”- (João Ramos).
Estes momentos e relatos das memórias
só a mim pertenciam, com a partilha e a troca de experiências vai humanizar
esta acção depois de estabelecida uma relação entre o autor e o observador,
tanto pela história como pela maneira que ela é contada, colocando muitas das
vezes o observador no lugar da personagem.
Podemos admitir que a
performatividade de uma Banda Desenhada, pode estar presente tanto nessa
simulação como na própria interacção com o espectador e em como este reage ao
trabalho.
Seguindo por este contexto, criei um
comic em formato de poster onde relato os meus comportamentos típicos ao longo do
tempo, desde que o professor sugere o projecto, recorrendo a imagens de filmes
ou fotografias de ícones do cinema para me ajudar a transmitir a mensagem.
Assim, estamos perante um conjunto de meta imagens, sendo que cada uma nos remete para outra já existente, claro está que é necessário um conhecimento já
adquirido para a compreensão e relação das imagens com o seu grau zero. As
imagens foram escolhidas não só pelo sentido literal, mas também pela carga
emotiva ou conceptual.