29.11.15

Isabel Andrade

DESENHO COMO PROTO-PERFORMANCE: INSTRUÇÃO E PROTOCOLO

Instrução de desenho

Reestruturar

Escolhe uma fotografia de retrato de uma pessoa, em que a face esteja virada directa para a frente.
Redesenha os elementos faciais, reestruturando a sua organização no espaço da folha, do seguinte modo:

Olhos no fundo da folha, na margem esquerda
Nariz no cimo da folha, na margem esquerda
Boca ao centro da folha, na margem direita
Orelhas debaixo de onde desenhaste a boca
Cabelo no centro da folha, apenas uma mecha do cabelo
Maçãs do rosto no centro da folha, na margem esquerda
Queixo debaixo das maçãs do rosto

A folha e o elemento riscador ficam à tua escolha.


Desenho de Clara Buser


O desenho resulta numa desorganização da face humana.
Este desenho serve para reorganizar e problematizar as noções de mimesis na representação do real, que é distorcida, redireccionada e sistematizada subconscientemente, através do modo como se realiza o desenho de signos com referentes faciais.
Esta diferença de ajustes organizativos altera o funcionamento simbólico dos elementos do retrato.

Instrução de acção no espaço

Delimitar

Percorre com um dedo as arestas de quadros e esculturas, procurando encontrar os limites entre a obra e o espaço onde se insere.



Esta acção tem o intuito de tornar visíveis os referentes os limites da moldura da História da Pintura, em que a clara separação entre tela e espaço são de um modo geral predominantes.
Por outro lado, a acção explora a identificação da base da escultura como sendo o seu limite e génesis, como elemento que fundamenta a relação entre a peça escultórica e o pedestal e/ou espaço onde se insere.

De um modo similar a uma visita guiada, a acção delineia dos limites que são impostos pela formalização artística mais tradicional, mas de um modo menos puro, em que o toque directo na obra é permitido, guiando o olhar para algo potencialmente importante.