29.11.15


José Gomes
Instrução para a realização de um desenho ou uma série de desenhos



Instrução:

“Imagina que tens uma comichão insuportável que te leva, por vezes, a coçar em outros sítios do corpo. Transpõe para o papel essa vontade, ou desejo de acabar com este acontecimento, utilizando meios riscadores, ou outros. O desenho termina quando a folha estiver totalmente coberta”
Realização ( realizada pela Marta Rebelo):



Resultado:




A instrução realizada tinha como função criar uma ideia mental que na pratica seria solução para o problema da comichão.
O exercício consistia na realização de um desenho que transferisse para o papel os gestos ou movimentos que fazemos na pele quando temos comichão.
O objetivo era o de realizar um desenho que só terminaria quando a folha estivesse preenchida, e isto em si teria o significado que quando a folha estivesse preenchida, a comichão terminaria também.
O resultado seria portanto terminar a comichão através do desenho.



Instrução para a realização de outra ação (que não um desenho)

Desenho/instrução:


Processo/resultado ( realizada pela Marta Rebelo):





Com o exercício de produzir uma instrução para a realização de uma ação, o que tinha em mente era produzir algo intuitivo da minha parte, pegando numa ação dita normal, o “polir” algo, e levá-la para um campo distinto.
A ideia teve como base o seguinte excerto do texto “afterthought, new writing on conceptual art” por Mark Sperlinger:
“Often the instructions are like thought experiments, where even if a course of action is being suggested it seems more like an invitation to follow a train of thinking”
Tradução livre: “ Por vezes as instruções são como experiências do pensamento, onde mesmo que o rumo de uma ação seja sugerido, parece mais um convite para o seguimento de uma linha de pensamento”.
Posto isto a instrução pretendia criar dúvidas, na colega que iria executar a ação, desde o inicio.
A instrução “Polir a terra, qualquer terra, como achar correto” com um anterior desenho de duas mãos que indicariam a posição “correta” do ato de polir a terra, como se fosse um ato normal levou a colega a uma linha de pensamento que achei pertinente.
Em suma o resultado não é a terra polida mas o pensamento de acreditar que era possível a realização da ação.

*Mike Sperlinger, afterthought new writing on conceptual art