14.12.15

Diana Costa

Desenho como documento

A acção que me propus realizar para este seminário passou pela a ideia de uma estranha ocupação do corpo num determinado espaço ou objecto contrariando o que dele é expectável. O corpo posiciona-se sobre o espaço/objecto de uma maneira pouco natural, em alguns casos caído e abandonado, e em outros casos afirma uma posição estranha. Contrariando a ideia e função destes espaços e objectos o corpo produz uma nova posição, apoderando-se destes sítios de uma  maneira totalmente diferente. Espaços comuns como umas escadas ou um corredor servem de circulação de uma forma aleatória (um corpo deitado nos degraus de uma escadaria, um corpo sentado no chão com as pernas contra uma parede); são situações contraditórias àquilo que se pratica num contexto diário.
Enquanto a acção decorreu, olhando em volta dos espaços e dos objectos que me circundavam, fui confrontando a ideia da forma como usamos as coisas no nosso dia a dia e, ao mesmo tempo, pensei numa nova possibilidade de ocupação que o corpo poderia preencher nestes espaços e objectos. O corpo apodera-se de uma forma incoerente de cada superfície escolhida causando uma sensação de estranhamento.
Os desenhos realizados apresentam-se como documentação de algumas acções exercidas, de forma a representar o lugar onde elas aconteceram, e de que maneira o corpo se apoderou delas. Segundo Auslander este arquivo/documento pode ser entendido no seu sentido documental ou teatral. A fotografia insere-se nesta acção num sentido documental pois é um registo através do qual o próprio evento pode ser reconstruído. Desta forma, existe uma relação ontológica entre a performance e o documento fotográfico. Esta relação é considerada, por Auslander, como uma relação ideológica já que a fotografia cria a ilusão de ser uma correspondente exacta da realidade.