Sentar
implica “pôr(-se) num assento”. Esta ação, presente
no nosso quotidiano desde que nos lembramos, possui um caracter natural e
intuitivo associado ao descanso e conforto. Neste seminário o desafio passou
por descaracterizar esta ação das suas anteriores atribuições, deslocando e
contrariando-a.
Os espaços abordados caracterizam-se pela possibilidade de por em causa o associado ao ato sentar; estes
locais problematizam, dificultando a comodidade e acessibilidade, sendo sítios
de difícil acesso, altos ou instáveis.
Sentar-me numa
estátua, máquina de venda automática ou corrimão no quarto andar só pode ser
realizado através de esforço físico, perseverança e experimentação. Para além
disto, estes objetos não foram projetados para serem sentados, ao sentar-me
nestes sítios estou a conferir uma alteração no espaço, um desvio. Apesar de estas
áreas serem habitualmente habitadas por pessoas a sentarem-se – o que podemos
considerar como grau zero (Grupo μ) - os espaços abordados em específico não. Assim
sendo, e considerando que os espaços existem pelas ações que se executam neles,
o desvio realizado reconfigurou o entendimento do espaço a nível das ações.
O desenho entra nesta campo como estratégia de
documentação, as fotografias apresentadas registam o evento, seguidas de dois
desenhos que explicam o espaço e os movimentos dos intervenientes. O primeiro
desenho é uma interpretação da arquitetura onde a ação aconteceu: uma planta
que se torna tridimensional para representar o andar onde se realizou a última
ação. Por sua vez o último desenho representa o movimento do corpo no espaço.
Este modelo de representação segue a proposta “tripartite mode of notation” de Benard
Tschumi. Este modo usa a representação subjetiva e isolada dos elementos para
registar um evento.
"sentar", in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/sentar