instruções por David Lopes
desempenhadas por Clara Silva
A instrução-ação [1] é um complemento entre imagem e texto: a gravura(1) é uma sátira à Revolução Americana de 1776 e na margem pode-se ler: "Tea-tax-tempest or Old Time with his MAGICK-LANTHERN", que se refere à lâmpada a explodir no fundo da imagem. Em letras muito pequenas (tamanho 3) escrevi a instrução: 'bebe um copo de água numa tempestade (have a teapot(2) in a tempest)' - um trocadilho do provérbio 'Não faças uma tempestade num copo de água."
"The situation is absurd and yet absolutely familiar (...)"(3)
A ação da Clara reformulou a instrução através de um processo de seleção, ignorando partes da instrução para que outras formas de construção de sentido ganhassem ênfase, como a fábula e o humor.
A ação da Clara reformulou a instrução através de um processo de seleção, ignorando partes da instrução para que outras formas de construção de sentido ganhassem ênfase, como a fábula e o humor.
"By embracing doubt and the absurd, such actions require thinking (...)
to actively participate in the constuction of meaning."(4)
to actively participate in the constuction of meaning."(4)
Assim a Clara, interpreta uma planta que se rega para beber. Esta abordagem revela um objecto que é próximo do seu universo pessoal, mas a instrução garante um novo ponto-de-partida. Isto fez-me pensar no 'gap' que Geraldine Barlow menciona quando nos fala do absurdo em Erwin Wurm.
"In this gap exists the possibility to look again at ourselves and the world we inhabit, to remake the familiar."(5)
A instrução-desenho [2] procurou não estabelecer um limite de meios ou suportes, etc. Na verdade, pouco refere-se à ação do desenho e podia ser aplicada até para a criação de outra ação. A sequência de um gesto - socialmente reconhecível - que diz ao outro para se calar, ilustra a instrução. Foi pensada um pouco em relação à instrução anterior - que comunicava pela invisibilidade - manteve uma pretensão de sentido misterioso e de leitura não-imediata, para procurar falar do absurdo.
"Daily objects overcome materiality and utility to become mysteriously emblematic,
widly free-ranging in their possible significance and use."(6)
Aqui, a sensibilidade da Clara respondeu ao movimento dos dedos e estabeleceu uma analogia com o processo de tear/coser pela leitura de uma linha. O que em suma, responde ao modo que eu procurava que o receptor respondesse - encontrar um sentido próprio, na imperceptibilidade absurda.
"(...) the open-ended challenge of the inexplicable generates an unfolding field of questions, and we are asked
to take leave of our more logical instincts in order to imagine more ambiguous possibilities."(7)
to take leave of our more logical instincts in order to imagine more ambiguous possibilities."(7)
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(1) (1778) de Carl Gottlieb Guttenberg (Nuremberga, Alemanha 1743~1790, Paris, França). Acedido dia 16 de Novembro de 2016.
Disponível em: http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/
Disponível em: http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/
(2) Na tradução inglesa do provérbio, ‘copo de água’ fica ‘teapot’.
(3) AA.VV (2004) ERWIN WURM: I love my time. I don’t like my time. Editora Hatje Cantz. Berlim. p. 23
(4) Idem. p. 25
(5) Idem. p. 23
(6) Idem. p. 28
(7) Idem. p. 23