23.6.18

Workshop 5: Desenho como acto de presença




Por aproximadamente 45 minutos, os meus lábios tocaram a folha deixando nela uma espécie de assinatura amorosa. Mais do que uns lábios, uns beijos, um símbolo, uma altura. Apesar de serem raras as mulheres que preferem um batom azul em função de um vermelho,  o azul apresenta-se enquanto cor associada à tinta da caneta em substituição do vermelho com o qual é considerado ofensivo assinar. O beijo tornado escrita. 
Ao fim de algum tempo a boca doía, a pele dos lábios estava muito sensível, e beijar tornava-se cada vez mais difícil e doloroso. Através da repetição o gesto ganhava um novo sentido, tornava-se um novo gesto. Mas continuei a beijar,  no que se manifestou ser, através da sua ambiguidade, uma espécie de ode ao amor. 

Felizmente era uma árvore que se encontrava sob a folha.