A autorrepresentação deste
exercício está situada num contexto específico de espaço e tempo. A pandemia do
COVID-19 transformou os modos de relacionar e ver o mundo. Criou-se medo,
paranoia, distâncias que reformulam nossa própria identidade.
O exercício foi fortemente
influenciado pelo momento presente e condição em que foi realizado. Mesmo em
isolamento, a convivência com outras pessoas na mesma residência é inevitável.
Socialmente, não estávamos isolados... haviam pessoas que embora estivessem compartilhando
o mesmo sentimento continuavam a zelar pelas pessoas que convivem. Entretanto, este
sentimento compartilhado é carregado de individualismo que põe em conflito a
convivência com a questão de isolamento.
No sentido literal, o gesto de
afago no cabelo representa o que é: a presença de alguém que está zelando por outro.
Entretanto, não é suficiente para o sentimento individual de isolamento. É
neste momento em que o desvio acontece: a expressão de isolamento é dada pelo
encobrimento da face pelo movimento de um papel higiênico. O papel higiênico remete
às imagens veiculadas na mídia onde estoques destes itens são esgotados em
supermercados refletindo o individualismo que o COVID-19 trouxe à tona.