21.5.20

PERFORMANCE, DOCUMENTO e DESENHO

O Cavalo de Turim








“Este é um tempo do quotidiano que não é interrompido por nenhuma promessa, confrontado com uma única possibilidade: o risco de já nem sequer poder repetir.”

Jacques Rancière



O último filme de Béla Tarr, O Cavalo de Turim (2011), tem como introdução a história de Nietzsche que protege um cavalo que é brutalmente espancado. No campo, isolados, vive pai e filha, e o seu único meio, o velho cavalo. Lá fora, o vento forte acentua a aridez da terra.
A premissa para este exercício é introduzir a narrativa circular e crua, do filme, no meu quotidiano. Um poço onde a água se extingue com o decorrer dos dias, roupa que é lavada e estendida, uma mesa com o escasso alimento - batatas, uma escuridão que encerra ainda mais a clausura dos personagens.
Os desenhos realizados documentam o espaço, interior e exterior, que me envolve (o grau zero). São o planeamento e enquadramento de planos, com uma linguagem idêntica à dos frames do filme. A ação performativa pretende fundir-se à do filme: a criação de uma realidade que se mistura na narrativa do Cavalo de Turim.
O que fica? Quais as imagens que foram introduzidas na sequência dos frames selecionados? Será que foram mesmo inseridas novas imagens? Deixo o convite para verem o filme de Béla Tarr na íntegra.

  
Rancière, Jacques. 2013. Béla Tarr: O Tempo Do Depois. Lisboa: Orfeu Negro.