7.5.21

DESENHO, INSTRUÇÃO E PERFORMANCE - Ana Mouralinho

DESENHO, INSTRUÇÃO E PERFORMANCE



Neste workshop de Desenho, Instrução e Performance, houve a intenção de fazer refletir sobre o desenho como proto performance (a ideia inicial ou a primeira ideia de uma performance), e quando Desenho é por si um enunciado, quando mostra a execução da própria Acão, que dita uma instrução e quando essas ordens se tornam um processo artístico.

Como enunciado, cada aluno recebeu a proposta para executar uma instrução (verbal ou visual) para a realização de um desenho, e ainda a realização de outra instrução para uma ação que não um desenho, dividindo assim este workshop em dois exercícios.

Em aula cada aluno trocou as suas instruções com outro colega, para que o outro pudesse interpretar e executar a sua resposta relativamente à instrução que lhe foi atribuída. Essas respostas foram documentadas e onde a baixo podemos ver as respostas:


A Troca - A minha instrução foi entregue à colega Catarina Bach, e a sua instrução a mim. 


I  

(A MINHA RESPOSTA)


A Catarina entregou-me um frasco com dois papéis dobrados pela metade  no seu interior onde constavam escritas as suas instruções. No frasco escreveu a palavra “SOL”  que ilustrou de seguida, por baixo e entre parêntesis estava a legenda “Para dias mais tristes”. Mais do que a palavra escrita em maiúsculas que descreve o conteúdo do frasco, como uma etiqueta que identifica o que lá está dentro, intrigou-me a pequena legenda como se fosse outra instrução, para que o seu conteúdo fosse apenas usado sobre uma certa condição ou fator - a tristeza. 


Para desempenhar uma ação (que não desenho) a Catarina escolheu dar-me a seguinte instrução (que se vê na imagem do lado direito), “Se estiver Sol, apanha o máximo de raios solares que conseguires para dentro de um frasco. No fim, fecha-o bem e guarda-o para dias mais tristes.” 

Em resposta gostaria de ter usado algum papel fotossensível para desenhar com os raios de sol, a fim de produzir uma imagem que para mim fosse reconfortante e para a poder consultar em dias mais tristes, como um reconforto de uma memória mais feliz. 


Como não encontrei esse material disponível pensei noutra resposta a este desafio, e optei por escolher uma resposta mais literal.

Com um espelho e com a ajuda de outra pessoa, pedi que apontasse o espelho para a luz solar para que os raios que incidiram na superfície do espelho pudessem refletir para dentro do meu frasco. Quando assim consegui, tapei o frasco num ato simbólico de guardar o seu conteúdo.






Outra forma que achei de representar este desafio foi ensaiar uma imagem onde um feixe de luz atravessa-se o frasco.


II



“Escala a tua montanha, torna-te a montanha”, foi a instrução que dei à Catarina. O que me motivou a desafiar outra pessoa a estas ações foi o facto de esta montanha por se considerar ser individual estar receptiva a muitas interpretações, como a forma de nos aproximarmos da mesma a partir da experiência de cada um. Coloquei este desafio porque tenho o intuito de também lhe dar uma resposta. Para mim, subir/escalar representa um desafio, onde o nosso corpo é posto em esforço, pensar nesse esforço e dar-lhe outra simbologia é também um exercício de esforço. Quando nos tornamos daquilo que pretendemos atingir, no que causa em nós um sentimento de admiração, atingimos em parte uma sensação de conquista e reconforto.

A temática da montanha está presente nos meus projetos como a luz e a sombra estão presentes nos projetos da catarina. 


(A RESPOSTA DA CATARINA)



A catarina decidiu tornar-se na sua montanha quando escolheu a sombra para a representar, como elemento unificador das umas ideias - de “Self” e de “montanha”. Escalou com a sua sobra algo quadriculado, como uma escada, que para mim foi o aspeto mais desviante deste ato porque a sua montanha que também representou em sombra, não se assemelhou em nada com a conceção geral de montanha. 

Julgo que o que levou a Catarina a escolher uma “escada/sombra” para escalar foi porque para ela a ideia de esforço, de  subir algo estava mais presente do que a formalidade da montanha.