24.6.21

Maria-Inês-Graça_TRABALHO-FINAL

Como é que o Desenho pode ser um Ato Performativo?

Trabalho Final Desenho e Performatividade – modalidade 1.a)

O Desenho como Protocolo e Instrução ; O Desenho como Ato de Presença

    No âmbito da UC de Desenho e Performatividade, decidi desenvolver o meu trabalho final partindo da seguinte pergunta: “Como é que o Desenho pode ser um Ato Performativo?”. Escolhi explorá-la a partir da primeira escolha que nos foi dada, a de realizarmos uma Proposta experimental, apresentada por um portefólio (a ser partilhado no blogue da UC) e um relatório crítico/memorando (1000-1500 palavras, cerca de 2-3 páginas escritas, fundamentado em referências bibliográficas relevantes para a sua compreensão). E com tema apoiado na primeira opção dada, a de podermos basear este nosso trabalho final num dos tópicos discutidos durante os seminários e laboratórios, abordando-os agora com mais tempo, profundidade e análise crítica. 

    Dentro deste parâmetro decidi escolher os seguintes motes: O Desenho como Protocolo e Instrução; e Desenho como Ato de Presença / a Temporalidade do Corpo / Desenho em Tempo Real. Uma vez que, após a experiência dos anteriores laboratórios e seminários, são estes pontos de partida que surgem como mais relevantes para o meu projeto, no sentido de criar uma maior aproximação e uma relação mais íntima entre processos performativos e o desenho.

    Assim sendo, pensei na proposta experimental que iria desenvolver para este trabalho final de semestre. E escolhi fazer uma crítica aos livros de autoajuda, ao dito life coaching. Quando pensei nisto não haviam passado muitos dias desde que tinha saído com uma amiga que me aconselhou acerca das minhas inseguranças e quanto à minha falta de autoestima. Ela disse-me "Todos os dias de manhã olha-te ao espelho e diz que és linda. Vais ver que vai ajudar.". Na altura ri-me, não sei se de vergonha ou por ter achado aquela ideia completamente ridícula. E algum tempo depois, na minha mente, concebi a ideia de criticar este tipo de ajuda típica de livros de autoajuda e do mundo do life coaching, ironizando e sendo sarcástica. 

    Numa junção do que aprendi com o Workshop de Desenho, Instrução e Performance e com o de Desenho como Ato de Presença, decidi regulamentar a seguinte regra para eu mesma realizar: durante cinco dias iria, de manhã após acordar, dizer em frente do espelho do meu wc que sou linda e desenhar o meu rosto a pouco e pouco, até o completar ao quinto dia.

Primeiro dia





Assim o fiz no primeiro dia. Disse a tal frase, completamente constrangida, e desenhei o meu cabelo com pastel de óleo vermelho no espelho. 

Segundo dia


No segundo dia decidi mudar parte da regra: em vez de usar pastel de óleo e de ir desenhando o meu rosto, a ideia seria beijar o espelho durante os tais cinco dias, como que num ato de amor para comigo mesma. Pintaria os lábios de batom vermelho, simbolizando amor, atração e sedução.
A ideia ainda se tornou mais forte, pois, no ato de beijar o espelho, deixava nele mesmo não só a marca dos meus lábios, mas também da gordura da minha face, do queixo e do nariz sobretudo.

Terceiro, Quarto e Quinto dia







Vídeo de registo do ato performativo:




Conclusão

Portanto, respondendo à minha pergunta inicial, e para tal, recorrendo a esta experiência, o Desenho pode ser um Ato Performativo quando o usamos para realizarmos a nossa ação, quando este se mescla com a performance em si e ambos se tornam na personagem principal da nossa ideia inicial, e quanto este serve de veículo para comunicar a nossa ação. O Desenho pode ser um Ato Performativo em quase todas as suas medidas (se é que não mesmo em todas), se assim o quisermos e fizermos.