7.7.21

~ Desenho, Instrução e Performance ~

 A.    Instrução recebida da Maria Inês Graça

   

     1.Desenha-te em frente a um espelho
        Desenha-te no espelho
        Desenha-te numa folha de papel
        Desenha-te onde quiseres
        E vais encontrar-te
    
    2. Olha o céu
        Abril, águas mil
        Abre a boca
        Bebe a chuva que cai
        Hidrata-te, és uma flor

 


 

            Para a prossecução das instruções, primeiro: desenhei-me em frente a um espelho; desenhei-me no espelho; desenhei-me numa folha de papel; desenhei-me onde quis; porém não me encontrei. 

 

            Insatisfeito, procurei encontrar-me abordando espaço físico visível do desenho através da marca projectada pelo contorno do que nos é visível do nosso próprio corpo. Criando uma noção do espaço quase real que ocupamos quando nos vêmos.

 

            Antes de me perder, “desenhei-me em frente a um espelho” simulando um observador externo a mim. Neste processo tomei consciência do espaço visual que ocupamos e que me/nos é imperceptível, como que, se constantemente, estivéssemos apenas num plano bidimensional. Fascinou-me então a ideia de procurar projectar-me, no espaço tridimensional, a partir da meu ponto de vista real.

 

            De imediato passei a abordar a projecção dos contornos do corpo sobre o suporte espelho – “desenhei-me no espelho” -, resultando assim numa tradução directa e objectiva dos contornos do meu corpo sobre este. De seguida explorei os contornos do corpo a partir da reflexão do espelho sobre o chão. Criando um mecanismo extensivo de desenho (uma vara com um carvão na ponta) consegui traduzir no chão o reflexo dos contornos do corpo.

 

            Fascinado pela projecção do corpo sobre o espaço que ocupava traduzi os contornos do corpo directamente sobre o espaço (no momento apenas o plano chão estava disponível). Espaço esse que, dado o movimento natural da produção do desenho, constantemente projectava novos contornos. Quando dei por mim, procurava o limite do corpo através do limite físico - da capacidade - de projectar e desenhar essa projecção.



A1 - procura dos limites do corpo a toda a torção possivel


A2 - procura dos limites do corpo a toda a torção possível


A3 - procura dos limites do corpo a toda a torção possível


B1 - procura dos limites do corpo à maior distancia do meio riscador


B2 - procura dos limites do corpo à maior distância do meio riscador


C1 - procura dos limites do corpo em plano fixo

C2 - procura dos limites da mão em plano fixo


            Por fim, num dia de chuva, fui à rua, abri a boca bebi a chuva que caía e encontrei-me: sou uma flor.

 

B. Instruções dada à Maria Inês 


                1. Está atenta. Observa e colecta conversas alheias. Regista-as (mediante registo sonoro) através da tua memória delas. Não mais que 1 min.

                2. Observa e colecta imagens alheias, movimentos e gestos. Traduz-los através da memória que ficaste deles. Faz um breve desenho diário no formato pré-concebido que disponibilizo.

 

[disponibilizei 6 folhas 12x12cm]