COREOGRAFIAS URBANAS
Este trabalho tem como inquietação inicial os movimentos e gestos cotidianos na cidade. A partir de um trabalho anterior, onde a instrução “dance no espaço público” foi dada para uma colega realizar, inverte-se a noção do corpo humano como sujeito de movimentos e danças com o “corpo” da cidade, indagando-se assim: Quais os movimentos da cidade? Quais as possíveis coreografias que a cidade do Porto realiza? Que desenhos estas ações traçam?
Parte I
Para responder a estas perguntas, começou a se registrar em vídeo, fragmentos de movimentos de pessoas, objetos e animais com o intuito de investigar e coreografar estas ações. Estas são interpoladas como no jogo rube goldberg machine, despertando uma reação em cadeira. O metro vai até a grua, que gira e se alinha com a estrutura do baloiço, cujo pavimento mostra o caminho de onde o gato sai a andar. Os movimentos sugerem traços e desenhos que em alguns casos se apresentam de forma mais nítida e em outros, nem tanto.
Parte II
Em um segundo momento, tentou-se conhecer e apreender melhor tais movimentos através do desenho. Estes foram feitos por cima do vídeo em folha de acetato e caneta permanente. O gesto do desenho é capaz de revelar alguns movimentos como por exemplo, o deambular das formigas e o vôo dos pássaros. O traçado das rotas, no entanto, só foi possível através do vídeo, onde a caneta seguia os passos das formigas, uma a uma.
Depois de observar, filmar e desenhar as ações, o próximo passo do trabalho se deu a partir da performance do corpo sobre alguns objetos e situações na cidade do Porto. O corpo é tornado cidade a partir da simulação gestual da materialidade e dos acontecimentos do lugar. O corpo-cidade mimetiza o que encontra e é passível ao olhar e o gesto do outro, visto que as fotos foram tiradas a partir de um pedido feito a transeuntes que passavam, adicionando uma camada de alteridade.