Desenho como Ato de Presença
Este exercício/performance aconteceu no espaço da sala de aula, e teve a duração de cerca de 90 minutos. Durante este tempo fomos convidados a agir e a comportarmo-nos de uma forma diferente do habitual. A escolha e montagem do lugar, foi feita por cada um dos alunos através de critérios que cada um considerava mais relevantes ao seu trabalho.
As folhas de papel dispostas na parede, no chão e nas mesas, na sua maioria ainda por pintar, davam indícios de que dali para a frente iria ser construído algo, alguém iria atuar ali, como um cenário que funciona como um convite.
A minha folha foi montada no chão, à porta da sala, obrigando quem quisesse entrar ou sair a pisar o papel. De uma forma hesitante, as pessoas tentavam sempre contornar ou pisar o menos possível, até que se tornava inevitável.
A cada pegada deixada na folha seguia-se a produção de uma marca, feita com tinta amarela e vermelha. O desenho feito posteriormente à marca da pegada deixada na folha é igual às marcas de trilhos que encontramos quando vamos caminhar e que nos indicam o caminho certo. Neste caso, depois de várias repetições desta ação, as marcas deixavam de ter leitura porque indicavam-nos várias direções e davam-nos informações contraditórias, acabando por serem lidas como um todo, como um padrão e não como uma marca individual.
Foi um exercício de longa duração, que implicou alguma espera e repetição, pois era necessário que alguém pisasse primeiro a folha, para depois desenhar as marcas e as suas respectivas direções.
Este desenho implicou uma relação entre o corpo e a audiência e uma consciência de estar a desenhar com os outros e para os outros.