8.7.21

Trabalho Final _ juliana Bucaretchi

 Circu L ar

A incompletude do desenho, ou melhor, o movimento contínuo e circular de marcar e logo desaparecer o desenho, nos coloca em um tempo circular. Um processo que se desenvolve no sentido de sobrepor o fim ao princípio. E de tornar visível o tempo e a transitoriedade da matéria. Se aparentemente voltamos para um ponto contínuo, é de se notar a espessura do tempo que vai moldando os passos na areia. Uma paisagem aparentemente estática, mas que na verdade, está em constante transformação. A temporalidade é então, não apenas inerente ao desenho, como processo e produto, mas também sua condição fundamental. Nesse sentindo dilui-se passado, presente e futuro como sentidos lineares.


A experiência se cria então pelo movimento do corpo e pelas intempéries. A partir de uma movimentação contínua do corpo sugiro um círculo infinito. A intenção é entender a ação como uma escultura aberta na areia, um desenho em movimento contínuo. O tempo como uma espécie de ferramenta escultórica, que molda. Perceber que tudo está se modificando; a energia é movimento de transformação.


O interesse foi trazer a experiência subjetiva da performance a partir da documentação, uma tentativa de ritualizar a transitoriedade, de embaralhar início e fim e nessa repetição incessante adentrar outras noções espaciais/temporais. O desenho faz e se desfaz rapidamente incitando a impermanência e instigando novas lógicas de mundo, novas formas de estar no planeta terra.