25.6.22

Trabalho Final

 Trabalho Final

As Minhas Mãos Não São as Minhas Mãos


Ao trabalhar o desenho como um ato de presença seguindo os mesmos modos da retórica do ato performativo, eu consigo criar um registo do gesto sem ser um identificativo de alguma coisa, a marca resultante pode ser algo impresso e estático sem que a sua intenção sirva para marcar uma representação de identidade e presença no espaço do desenho e da performance em si, podendo ser replicada e alterada dentro do mesmo espaço.

Assim, o trabalho prático não se resume só a representações da presença física do corpo no desenho, mas a uma reformulação da linguagem e identidade que o corpo cria através destas representações no desenho.

“As Minhas Mãos Não São as Minhas Mãos” joga com a presença do ser pelo traço mais característico de qualquer registo da presença física humana, as mãos. Em vários aspetos, as mãos representam o poder físico da criação, é com elas que o ser humano é capaz de expressar o que pensa e o que sente, assim como é capaz de criar qualquer obra.

No entanto, o trabalho prático não se resume só à representação da mão, mas uma desarticulação do que a representação da mão e do seu registo significam. Qualquer marca pode ser feita com as mãos, pés ou boca, como forma de marcar um registo da presença do ser em determinados espaços.

No desenho, esta presença está em jogo, a representação, o registo da sua presença está lá mas não serve de marca, a marca foi apenas uma transferência para este jogo de significados, porque ao imprimir a mão sobre a superfície estou a marcar presença, mas ao imprimir sobre essa primeira marca e a replicar a mesma marca, indo progressivamente alterando a sua forma, eu estou não só a reescrever essa presença, mas a alterar a identidade da representação desse registo, a modos que o processo passou por representar uma ação que denote uma presença ou o registo dessa ação como forma de presença mas sem pretender reforçar uma identidade visual do corpo pelas mãos, aqui a representação das mãos é entendida como uma forma de estabilizar ou conduzir uma ação como meio de identificar a presença no espaço.