6.6.22

Desenho como ato de presença

 






Neste último workshop de Desenho e Performatividade, sendo encorajado o desenho a grande escala, decidi pensar o ato performativo através de uma lente. No caso deste workshop foi uma câmara que também documentou o processo. Com este método, tive em consciência o cubismo e o método cubista de representar determinado objeto através de várias perspectivas num plano bidimensional. Deste modo ao ver apenas pela lente da câmara interpretei o limite do enquadramento como o limite do desenho, seguidamente procurando outros enquadramentos sobrepondo e complementando-se desenhos. Inicialmente começei com canetas de ponta fina em duas mãos, no entanto não senti esta prática como satisfatória e por isso passei para o carvão mineral. 

Essencialmente pensei neste exercício como algo reminisciente de um desenho cego. Aliás, simultaneamente reminisciente de um processo cubista não representando um objeto tridimensional mas sim várias perspetivas de algo tridimensional (o papel e o espaço do papel) projetado num plano bidimensional (lente da câmara). Quanto à componente performativa desta resposta so workshop, penso que uma grande parte deste elemento permanece no próprio documento da performance. Ao pensar num exercício focado numa perspectiva singular, a visão do observador acaba por não ser a minha perspectiva desejada. Não optei também por uma ação muito teatral e por isso sublinho a importância deste documento que complementa e relembra a performance.