2.7.22

Desenho como ato de presença, Nara Rosetto

 1,2,3,4,60,78 - preciso pagar a conta do telemóvel 

10,56,145,315 - sera que o arrendamento vai dar certo? 

88,197,433,745,999,1025 - que saudades dos meu cachorros 

1,2,3,4,15,59,97, 200 ou era ainda 100? 

28,35,78 - uma ave canta do lado de fora 

55,82 - quanto tempo será que passou ? 

11,45,87,108,291,405 - qual era mesmo o nome daquela música? 

1, 2, 3,4,35,85 - minhas mãos e costas doem

Sentar-se no chão em silêncio, contar mentalmente enquanto se respira conscientemente é um dos exercícios de meditação e, consequentemente, de presença, do zen budismo japonês. Permanecer. 

Realizar essa ação em ambientes de nosso cotidiano, cheios de estímulo e por longas horas torna grande o desafio para mentes inquietas e ansiosas, ainda maior para um corpo com dor crônica. 

Me apoio nessa metodologia para o workshop e adiciono o elemento de desenho a prática - um traço para cada número. 

São 6 cores, alterno numa ordem pre estabelecida a cada distração. 

De acordo com Villem Flusser “A linguagem é feita de palavras e o gesto é feito de movimento.Quando a linguagem das palavras falha, recorremos à linguagem dos gestos.” o desenho neste caso é uma maneira de comunicar essa (não) presença

Qual então o mínimo e o máximo de minha presença, ou da distração?