Ato Performativo- Trabalho Final
A instrução como elemento catalisador da performance:
A performance que desenvolvi assenta os seus alicerces nos
conceitos de Instrução-Performance-Obra independente ou registo.
Formada por três desdobráveis compostos por quatro desenhos
cada, a atividade consistiu em utilizar os materiais de desenho para registar os
movimentos na folha. O ato performativo teve 4 participantes sendo eu um deles.
Nas instruções pode ver-se o seguinte:
O desenho como protocolo instrutório é uma das formas de
comunicar e é um elemento catalisador das múltiplas possibilidades da ação.
O participante é confrontado com um papel que “não diz
nada”, não tem nada escrito, o que causa imediatamente um sentimento de
estranheza.
Ao anular as características
normais de uma instrução (o texto escrito e o passo a passo) já está implícito
uma abordagem performativa, pois o interprete é guiado a usar a sua
criatividade e raciocínio para executar a ação.
Das três pessoas que participaram no ato performativo
nenhuma delas optou pela recusa da instrução, ficando bastante agarradas á
ideia de corresponder a certo comportamento, pelo menos na parte inicial do ato.
Relacionando com a questão do desenho protocolar, onde a
relação entre a interação de agir e resultados da ação é formalizada enquanto
imagem e ato de desenho.
Procurei que a
linguagem do desenho usada fosse bastante simples, usando o desenho de
contorno-linha e um fundo branco para dar as instruções. Não realizei muitos desenhos
para cada instrução com o propósito de criar incerteza sobre o que existe entre
cada ação, que espaço é esse que se cria.
Sendo que os
participantes e as instruções dadas se situam no campo da dança já era de
esperar um certo tipo de comportamento e entendimento das instruções, pois o
ser humano baseia-se no conhecimento que tem anteriormente adquirido para ver o
mundo.
O que foi mais
interessante de observar a nível comportamental foi ver a dificuldade sentida
em transcrever um movimento habitual e já conhecido pelos participantes para o
papel através dos instrumentos de desenho.
Um corpo que se move, desenha muitas
vezes por si só.
Penso que o desenho
e a performance são por vezes tão intrínsecos que não sabemos onde começa um e
acaba o outro.