Como entender o ACASO como ato performativo?
Na minha prática artística, considero o artista Jackson Pollock uma referência.O desenho torna-se dinâmico e “carregado” de transformações provindas de acções do artista sobre a tela.Na sua pintura, os seus movimentos de acção, mostram uma sucessão de pequenos acasos.
Após a morte de Jackson Pollock, Allan Kaprow escreveu “ o Legado de Jackson Pollock” onde
fez uma análise do que Pollock significou para a pintura, para arte e para a vida. A grande escala colocada no chão onde o artista fazia uma “dança dripping” transforma o
conceito de pintura numa atmosfera de espaço, num ambiente onde o espectador é envolvido em sensações que o absorvem.
A preocupação com o lugar, com a vida quotidiana, com os corpos, com as roupas, usar a visão,o som, o movimento das pessoas, os odores, o tato começam a transformar a palavra artista.
Para Kaprow, numa nova arte,tudo se podia tornar objecto: tintas, móveis, comida, luzes, água, filmes...
Gerar o acaso na arte, traduz-se em vários processos que podem circunscrever num ato performativo.
O desaparecimento do artista faz dele espectador da sua própria poética. Torna-se possível ver
a pintura a ganhar vida numa esfera irreconhecível absorvida pela tela e onde a percepção visual é
atingida pelo contexto da acção que promove a ilusão.