1.11.14

Darya Lytvynets



SECAR AS MÃOS: foi esta a ação escolhida para a primeira transferência-de-uso que foi aplicada sobre o suporte do desenho – papel, através da tinta guache, ensaboada nas mãos. Neste caso, a ação e os gestos que não dão os resultados visíveis, no dia-a-dia, ganharam um corpo físico, a ilustração deles próprios. O suporte escolhido foi o papel de jornal fino para que fosse mais fácil de esmagar e de tirar a tinta das mãos, que repetisse os movimentos das mãos entranhando-se entre os dedos. Este papel, também, é bastante absorvente, uma das características de uma toalha, cuja capacidade de absorção foi adaptada a este papel de jornal. Deste modo, sequei as mãos tintadas com o papel cuja função foi absorver os excessos da tinta, de tal forma como o faz uma toalha quando retira das mãos os excessos de água. O resultado final deu as manchas de tinta irregulares com algumas impressões digitais que foram gravadas durante a ação, no papel usado/esmagado. 




FURAR, CIRCUNSCREVER: num jardim, usando um raminho da árvore, penetrei o solo da terra até o ramo não poder entrar mais, por causa do solo inferior, mais húmido, compacto e mais duro. Repetindo sempre a mesma ação a profundidade de cada penetração era fixada no ramo pela posição dos dedos. Esta ação, na sua repetição, até se tornou agressiva, criando as irregularidades na terra à minha volta. Quanto mais a furava mais sentia o seu cheiro e a humidade fria. Acabei circunscrita num desenho sobre a terra.




ALISAR, DAR A FERRO/NIVELAR: as ações que correspondem ao segundo exercício do enunciado, mas que foram usadas sobre o resultado do exercício (3). Desta vez, o enunciado pediu duas ações de campos performativos diferentes que originassem uma ação híbrida destas duas. As ações escolhidas foram dar a ferro para nivelar a terra. Este exercício não correspondeu completamente ao enunciado, pois a ação praticada foi só uma - “dar a ferro”, usada no contexto da terra do jardim que pressupõe as estratégias e escalas diferentes para o nivelamento. Deste modo, segundo Anthony Howell “The Analysis of Performance Art”, esta performance pode ser considerada como uma transferência de escala e de lugar. Estas transferências constaram numa ação alheia ao doméstico e manual, ao alisamento de roupa, aplicada num território muito mais amplo mas que, por vezes, também, precisa de ser alisado, nivelado. Assim, com um ferro improvisado, construído de cartão prensado, alisei as pegadas de ação anterior sobre a terra, voltando o espaço “hospedeiro” para o seu estado inicial.