12.2.15

Darya Lytvynets_Trabalho Final

Esta acção surge como uma das respostas à proposta do projecto desenvolvido no âmbito da UC Oficina-Atelier. A performance foi realizada no âmbito da UC Processos Retóricos e Performativos. O ponto de partida foi uma das tradições culturais do Japão, a jardinagem zen, que existem tanto na sua forma natural como numa representação pelas pedras e areia. Areia, neste caso, simboliza a água do riacho ou de um lago, cujo movimento é desenhado pelas linhas paralelas. Logo, este exercício iniciou-se baseando-se no haiku seguinte:

Ao longo do dia

Os meus olhos foram usados

A contemplar o mar.
Taigi

Numa praia de areia fina, utilizando um ancinho de jardim, comecei a desenhar as ondas contornando-as no ponto da sua chegada. O desenho traçado a partir de uma onda rapidamente era eliminado pela próxima. Este exercício resultou num registo documental que, na sua essência, é completamente efémero mas, ao mesmo tempo, poderia se prolongar a eternidade. Segundo a teoria de David McNeil aqui foram aplicados gestos imagéticos – icónico e metafóricos. Icónico, porque este desenho pode ser visto como a continuação mimética do movimento da onda que contorna, delimita e repete. Metafóricos porque trata-se de uma transferência do ato de jardinagem japonesa.
Apesar de esta acção ter por objectivo um registo de carácter documental ela existe em toda a sua incompletude quase desesperada. Nunca se poderia acabar, fixar ou parar este desenho no tempo. Isocronia, o tempo real sobre qual não existe um poder superior. O registo torna-se um diagrama através do qual conhecemos o movimento do mar, as suas cheias e vazas.
O ato deste desenho vive no vídeo, cujo componente é a objectividade, e nos desenhos, cujo componente é a subjectividade e a utopia.