Esta acção surge como uma das respostas à proposta do projecto desenvolvido no âmbito da UC
Oficina-Atelier. A performance foi realizada no âmbito da UC Processos
Retóricos e Performativos. O ponto de partida foi uma das tradições culturais
do Japão, a jardinagem zen, que
existem tanto na sua forma natural como numa representação pelas pedras e
areia. Areia, neste caso, simboliza a água do riacho ou de um lago, cujo
movimento é desenhado pelas linhas paralelas. Logo, este exercício iniciou-se baseando-se no haiku seguinte:
Ao longo
do dia
Os meus
olhos foram usados
A
contemplar o mar.
Taigi
Numa praia de
areia fina, utilizando um ancinho de jardim, comecei a desenhar as ondas
contornando-as no ponto da sua chegada. O desenho traçado a partir de uma onda
rapidamente era eliminado pela próxima. Este exercício resultou num registo
documental que, na sua essência, é completamente efémero mas, ao mesmo tempo,
poderia se prolongar a eternidade. Segundo a teoria de David McNeil aqui foram aplicados
gestos imagéticos – icónico e metafóricos. Icónico, porque este desenho pode
ser visto como a continuação mimética do movimento da onda que contorna, delimita e repete. Metafóricos porque trata-se de uma transferência do ato de
jardinagem japonesa.
Apesar de esta acção ter por objectivo um registo de carácter documental ela existe em toda a sua incompletude quase desesperada. Nunca se poderia acabar, fixar ou parar este
desenho no tempo. Isocronia, o tempo real sobre qual não existe um poder
superior. O registo torna-se um diagrama através do qual conhecemos o movimento
do mar, as suas cheias e vazas.