12.10.15

Isabel Andrade


I - Unir | Organizar Nesta experiência performativa debrucei-me sobre a organização mental que realizamos subconscientemente, tentando criar padrões na organicidade do corpo. Deste modo, explorei a forma como observo os meus braços, criando linhas que unem os meus sinais, de um braço ao outro. Ao fazê-lo, mantive, dentro do possível, os braços na mesma posição assim que começava o desenho de união de um sinal ao outro, para manter fiel o movimento ocular que percorre um braço ao outro. Este trabalho de estudo fundamenta também um aspecto do meu projecto, no sentido em que cria uma paisagem atmosférica, de certa forma, com a multiplicidade de linhas orgânicas que se criam com esta união e organização.

II - Respirar | Marcar Nesta experiência, utilizei o acto de respirar, segundo uma técnica de relaxamento presente no yoga, dividindo em quantidades crescentes de tempo o acto de inspirar e expirar, e utilizando um balão para prender o ar solto na expiração. Este balão, embebido em tinta-da-china, entrava em contacto com a superfície do papel, criando manchas circulares, que iam aumentando na folha à medida em que os tempos de inspiração e expiração aumentavam. Aqui, o sopro ganha matéria para além da libertação do ar expelido pelo corpo, e para além disso, embebe a folha sistematicamente com a tinta preta. Marca novas áreas a cada acto de respiração, mas também repete a marca anterior, pelo que o balão é mantido sempre na mesma posição em relação à folha de trabalho.
III - Pentear | Revelar Para esta última experiência, recorri ao acto de pentear, utilizando as mechas do cabelo para lhe dar a forma que pretendia. Quando estava satisfeita com uma certa disposição dos cabelos, tirava fotos com uma câmara analógica. Este acto explora como o movimento de pentear é intrinsecamente o desenhar de formas efémeras, cuja nova passagem do pente ou das mãos cria um outro desenho, uma outra forma. O acto de revelar não é consumido durante o tempo da experiência, ficando naquele limiar de imagem capturada, mas não revelada, explorando a linha ténue entre o que é a memória passada e a documentação, já alterada seja pela composição, o filme do rolo, a revelação do rolo e mesmo a ampliação do negativo.