Tendo por hábito apanhar e colecionar diferentes tipos de papel de diferentes momentos, viagens e lugares por onde passei, encontrei esta folha dobrada de modo expontâneo no meio dos meus cadernos. Com o auxilio de um osso, objecto que utilizo para vincar as folhas de papel nas encadernações de livros, voltei a reforçar essas marcas já existentes na folha num acto de afirmação com tinta preta. Tornar o que o tempo me deu um dia, agora num gesto intencionado de marcar o presente.
O resultado torna-se inesperado ao desdobrar e descobrir o desenho que esses vincos desenharam por si só na folha de papel. Torna-se assim o objecto alvo de uma leitura cronológica.
A natureza, especialmente flores, foram desde sempre um interesse de sensações não só visuais mas olfativas e especialmente tactivas. Num espaço restrito entre a sala de aula e o jardim encontro nas folhas das árvores uma relação de um conjunto de factores num acto que é tao prazeroso para mim. Colecionar, guardar, proteger, analisar informação valiosa sobre a forma de um livro num acto de encadernação.