12.10.15

Rebeca Lopes





I- Transferência corpo-desenho
"Arranhar" foi o verbo que optei para este primeiro exercício de transferir uma acção feita pelo nosso corpo e relacioná-la com os suportes e processos do desenho.
Partindo desse problema exposto, fiz a pesquisa etimológica do verbo "arranhar" ao que surgiu o seguinte conjunto: marcar; incisão com objecto afiado; ferida superficial longa, estreita.
Usei as minhas unhas como meio para transcrever essas descrições do verbo. Na primeira experiência usei a tinta da china como meio de impressão da minha acção de arranhar a superfície do papel. Uma vez que este material era rapidamente absorvido, o desenho que eu esperava das unhas não resultou, mas instintivamente comecei a arranhar freneticamente a mancha reproduzindo decalques dos arranhões.
Na segunda experiência usei a tinta acrílica, uma vez que é mais plástica que a anterior, mas o resultado foi o mesmo. O trajecto que eu pretendia criar não ficou bem delineado, mas onde existe a mancha podemos ver as incisões causadas pelas unhas.
Como última experiência criei uma camada de tinta acrílica sobre o papel e voltei a arranhar repetidamente o suporte. Desta vez o resultado foi mais satisfatório porque consegui capturar uma leitura mais clara da acção.


II- Transferência corpo-espaço
Para o segundo exercício optei por explorar pelas acções de "respirar" e "embaciar". Como fiz no primeiro exercício, pesquisei a etimologia de "respirar" ao que surgiu: o ar inspirado/expirado pelos pulmões; poder de respiração; vida. E para o verbo "embaciar" surgiu: vapor condensado fixando-se como gotas finas sobre uma superfície; tornar baço; tirar transparência.
Optei por estes dois verbos com o intuito de estabelecer a relação de um corpo presente num espaço. A respiração, que necessita de um corpo para ser gerada, ganha forma quando é gerado o embaciamento na janela, deixando uma marca de que algo vivo esteve presente naquele espaço a executar os gestos da respiração.

III- Transferência desenho-espaço
No ultimo exercício optei por utilizar uma porta como suporte para redireccionar o acto de "contornar" e "preencher" no desenho. Esta porta é constituída por espaços "vazios" de vidro árctico. Este vidro tem umas formas em relevo que distorcem a visão. Este aspecto do vidro interessou-me e comecei a contornar as formas desses relevos. Acabei por preenche-los com duas cores distintas para criar um padrão e ocupar os "vazios" da porta.