30.11.15

Silvano Alves

Instruções para realização de uma ação – executada por Marta Barreto

·        1.  Passear pelo espaço da faculdade, ao ar livre.
·        2.Escolher um local desse espaço, parar e sentar-se.
·        3.Focar visualmente um ponto.
·        4.Sem desviar o olhar, prestar atenção ao ambiente envolvente.
O que acontece? O que isso desperta?...

            Para a realização de uma ação, formulei um conjunto de instruções que propusessem o contrário do nosso quotidiano, de uma vida agitada na cidade, onde não prestamos atenção a mais nada que não o nosso trabalho, problemas e outras preocupações.
            Assim, pretendia um estado de introspeção e quietude, de maior contacto com a Natureza, uma espécie de aula de ioga, sendo que escolhi como local para esta ação, o jardim da faculdade. Acima de tudo, esperava conseguir transmitir a ideia de paragem no tempo, o parar para pensar, ouvir, sentir aquilo que deixamos passar ao lado.
            Depois de confrontar com as respostas de Marta Barreto, concluí que a ação foi bem-sucedida. Consegui provocar este efeito sensorial tranquilizador, de atenção a sons e imagens que, pela sua simplicidade nos fascinam, apesar de inacessíveis ao focar visualmente um único ponto. Aconteceu, até, que, a certa altura houve a necessidade de fechar os olhos, de modo a despertar os outros sentidos.




Instruções para realização de desenhos – executados por Marta Barreto

Tomando como exemplo as instruções enviadas por carta que Mike Sperlinger refere na sua obra “Afterthought – new writing on conceptual art”, resolvi também apresentar as minhas instruções para desenhos de rostos humanos, num papel dobrado em forma de envelope.
            Examinando o seu conteúdo, pretendia confrontar o desenhador (neste caso, destro) com situações que implicassem o limite da sua concentração. Tentar perceber estratégias utilizadas, as diferenças entre o comportamento da mão esquerda e da direita e o modo como a sua mente controlava cada mão.
As respostas dadas por Marta Barreto foram, para mim, bastante satisfatórias, na medida em que tornou-se complexo controlar o traçado, a mão direita começa a imitar, erradamente, a esquerda. Apesar do esforço, as próprias canetas executavam diferentes traços que, por vezes, resultaram em formas corrigidas e desarmoniosas (ex. olho maior que o outro, testa grande, cara demasiado larga).