Silvano Alves
Instruções para realização
de uma ação – executada por Marta Barreto
· 1. Passear pelo
espaço da faculdade, ao ar livre.
· 2.Escolher um local
desse espaço, parar e sentar-se.
· 3.Focar visualmente
um ponto.
· 4.Sem desviar o
olhar, prestar atenção ao ambiente envolvente.
O
que acontece? O que isso desperta?...
Para a realização de uma ação,
formulei um conjunto de instruções que propusessem o contrário do nosso quotidiano,
de uma vida agitada na cidade, onde não prestamos atenção a mais nada que não o
nosso trabalho, problemas e outras preocupações.
Assim, pretendia um estado de introspeção
e quietude, de maior contacto com a Natureza, uma espécie de aula de ioga,
sendo que escolhi como local para esta ação, o jardim da faculdade. Acima de
tudo, esperava conseguir transmitir a ideia de paragem no tempo, o parar para
pensar, ouvir, sentir aquilo que deixamos passar ao lado.
Depois de confrontar com as
respostas de Marta Barreto, concluí que a ação foi bem-sucedida. Consegui
provocar este efeito sensorial tranquilizador, de atenção a sons e imagens que,
pela sua simplicidade nos fascinam, apesar de inacessíveis ao focar visualmente
um único ponto. Aconteceu, até, que, a certa altura houve a necessidade de
fechar os olhos, de modo a despertar os outros sentidos.
Instruções para realização
de desenhos – executados por Marta Barreto
Tomando
como exemplo as instruções enviadas por carta que Mike Sperlinger refere na sua
obra “Afterthought – new writing on conceptual
art”, resolvi também apresentar as minhas instruções para desenhos de
rostos humanos, num papel dobrado em forma de envelope.
Examinando o seu conteúdo, pretendia
confrontar o desenhador (neste caso, destro) com situações que implicassem o limite
da sua concentração. Tentar perceber estratégias utilizadas, as diferenças
entre o comportamento da mão esquerda e da direita e o modo como a sua mente
controlava cada mão.
As
respostas dadas por Marta Barreto foram, para mim, bastante satisfatórias, na
medida em que tornou-se complexo controlar o traçado, a mão direita começa a
imitar, erradamente, a esquerda. Apesar do esforço, as próprias canetas
executavam diferentes traços que, por vezes, resultaram em formas corrigidas e
desarmoniosas (ex. olho maior que o outro, testa grande, cara demasiado larga).