Seminário 2: Desenho como proto-perfomance: Instrução e ProtocoloInstrução | Desenho - "Um outro retrato"
É
curioso o modo como a instrução sem imagem e sem grande descrição possibilita
uma maior diversidade de respostas. O enunciado pedia que se representasse o
outro, conhecido ou desconhecido, através do uso das palavras/frases como
linhas que definem um rosto ou corpo isto porque me parece que recaímos sempre
nos mesmos modos de representação do Outro ou de nós mesmos. Aquilo que esperava ou, que
visualizava na minha mente como sendo a resposta possível, não se encontrou, de
todo, com aquilo que a Talita me devolveu. Não que houvesse uma forma correta
de realizar este exercício, se existisse tal fórmula, estaria explicita na
descrição do mesmo obrigando a mais pormenor e detalhe, no entanto, quando o
concebi, existia já uma imagem-tipo de resposta. Ter recebido uma resolução diferente, permitiu que este se torna-se um tipo de
enunciados diferente do concebido.
Instrução | Ação - "É a minha vez de falar... ou de correr atrás das palavras."
Curiosamente, esta instrução ofereceu alguma resistência e hesitação, talvez porque, descontextualizando e, aparentemente sem uma razão, o ato de levantar a mão para falar não se justifica ainda que isso não signifique que quem levanta a mão não tenha algo para dizer ou não esteja a pensar/reflectir sobre algo que possa ser partilhado. Outra questão talvez dúbia, e aqui acredito que também tenha algo que a ver com conflitos de comunicação, origem e linguagem, o "correr atrás" das palavras não foi entendido com o carácter de dedicação, de esforço, de persistência que é simbolicamente associado a esta expressão, tornando a realização desse ato, ou de correr, literalmente atrás das palavras um ato nulo e por isso não realizado.
