1.12.15

Daniel Wallerius

Como atividade sugerida no segundo Workshop da cadeira Processos Retóricos e Performativos, do Mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão da Escola de Belas Artes da Universidade do Porto, Transferência Acto-Imagem, fomos convidados a fazer 2 tipos de instruções: uma para um desenho e outro para uma ação. Ambas as instruções deveriam ser feitas em desenhos ou em desenhos mais palavras. Optei por fazer a segunda opção, com palavras para dar um apoio ao que os desenhos já sugeriram.

Interpretação das instruções realizadas por Rebeca Lopes.

[1] Instrução 1:
- Em uma folha de papel A2, com uma caneta esferográfica nova, desenhe um círculo, de maneira espiral de forma crescente. O círculo deve ter aproximadamente 40 centímetros de diâmetro. Repita a ação em outras folhas de mesma dimensão, ou no verso das já usadas, até a caneta terminar com a sua tinta.





[2] Instrução 2:
- Escolha uma árvore aleatória no jardim da Faculdade de Belas Artes. Limpe o seu entorno até não existirem mais folhas, terra ou poeira (se possível).




[3] Reflexão:

Minha ideia principal nesta atividade era realizar eventos que levassem a uma certa exaustão. Em uma pesquisa prévia, descobri que as canetas Bic esferográfica escrevem de 2 a 3km¹ e portanto, terminar com a tinta dela representaria um movimento repetido à exaustão. Rebeca realizou a atividade com grande consciência, em diferente do que eu imaginava, somente o espaçamento dos círculos em espiral, como percebe-se na instrução. Imaginei que ficariam mais próximos, formando uma mancha densa de tinta, de maneira que economizaria folhas. Na segunda instrução, novamente com a ideia de exaustão atrelada à atividade, propus uma ação, a de varrer um espaço, contaminado por sujeira, folhas e, principalmente, poeira vinda do próprio chão. Com a ideia da poeira presente, fiz o seguinte questionamento: até que ponto pode considerar-se um chão de terra limpo? Em função disto, acrescentei a informação “se possível” no enunciado da atividade. Novamente Rebeca realizou a atividade conforme o solicitado, porém o fato de ser noite, situação que não previ na elaboração da instrução, dificultou a avaliação do que seria considerável limpo. Portanto acredito que a instrução ficou mal elaborada neste sentido. De qualquer forma, tanto as atividades propostas como minhas conclusões sobre elas, estão relacionadas com o que Mike Sperlinger² diz sobre instruções, que todas implicitamente sugerem uma interpretação da ordem pelo ordenado, como um convite para uma interação entre ambos. Portanto por mais que tentei ser o mais específico possível, sabia que a compreensão da pessoa que fosse executar as instruções, faria com que o resultado final fosse destoante de minhas expectativas, e desta forma, único.

¹ Revista Super Interessante (2011). Caneta Bic. [Em linha]. Disponível em http://super.abril.com.br/comportamento/caneta-bic. [consultado em 18-11-2015].

² SPERLINGER, Mike. (2005).”Order! Conceptual Art’s Imperatives”. In SPERLINGER, Mike (ed.) (2005). Afterthought: new writing on conceptual art. Londres: Rachmaninoff’s, p. 25