Alteridade
Exercício realizado
por Jorge Lerkeira
(1) Instrução para realização de um desenho, ou uma série de desenhos
Vá até um lugar sossegado (se achar)
Deite-se
confortavelmente (você pode colocar umas toalhas abaixo do ser corpo
para acalmar a coluna)
Sinta
seu corpo
Feche
os olhos. Na verdade, feche os olhos desde o começo
Imagine
qual parte do seu corpo não seria seu corpo, mas pertencente a uma
alteridade
A
proposta é você desenhar isso. Seu corpo transmutado
Neste
caso, Jorge não enviou os desenhos. Neste ponto, lembro que nesta
proposta artística há o risco de uma não-realização da
instrução, a possibilidade de fracasso, que tanto pode ter sido por
uma vontade contrária de realizar a ação proposta como por uma
falha de comunicação. Sperlinger1
nos lembra que toda instrução é antes de nada uma atitude
consentida, um pacto entre artista e público.
Para esta ação imaginei algo que fosse performático, mas não perdesse seu caráter contemplativo como a proposta de alguns dos processos de Yoko Ono. A estética da instrução seguiu uma proposta lúdica, como uma carta-convite e foi feita como um livro onde cada página seria uma frase da instrução as vezes seguida de um desenho ilustrativo, mas não protocolar no sentido de apresentar um modelo de ação. A instrução sugeria o seguinte:
Feche os olhos.
Respire lentamente.
Recorde-se qual foi seu encontro mais marcante com uma alteridade animal.
Agora lembre-se como você agiu em contato com essa alteridade.
(exemplo de um encontro comum com uma alteridade)
Repita os gestos realizados em contato com essa alteridade.
(exemplos de alteridade)
1
Mike Sperlinger, Afterthought new
writing on conpeptual art,
p.25.