Seminário 1
Transferência - de -uso
Começo por salientar
em primeiro lugar a minha relação com os três exercícios da transferência-de –
uso em vários campos performativos. Tendo pessoalmente uma relação bastante intima
e impulsiva com o desenho, tive que me forçar a um pensamento prévio e a um
esboçar de várias ideias para a realização dos exercícios, que me levaram a
questionar o meu vinculo ao desenho.
(1) Amanhar
Este
é um ato corriqueiro que esta por norma associado a qualquer mercado ou
peixaria. Decidi extrair esta ação de experiências pessoais com este ato, e
adapta-lo a uma intervenção no papel. Foi importante a relação Acão - Local, visto que realizada no mercado em cima
da bancada da peixaria seria dada como normal mas quando transferida para o chão do mercado sobre
algumas folhas de papel, criou estranheza e uma ligação absurda, pois esta é descontextualizada
no espaço e na sua finalidade.
O alimento transformou – se numa ferramenta.
De modo
sucinto comprei uma lula, ajoelhei me no chão do mercado do Bolhão e “amanhei”
o animal sobre três folhas de papel, retirei os olhos, a boca e a tinta, usei
as estranhas, os tentáculos e o corpo da lula para desenhar.
(2) Amuar/ circular
Escolhi
o jardim botânico para concretizar estas duas ações entre corpo e espaço, criando
uma contradição entre ambos. O ato de amuar é um sentimento infantil e irracional,
como se tratasse de uma chamada de atenção para o outro.
O
que é amuar? Como amuar um espaço?
Esta emoção excessiva levou-me a questionar o ato em si e a sua relação com
espaço. O porquê desta associação com o verbo circular, o ato emotivo de amuar é bruto e estagnado, circular é na minha perspectiva
um ato de movimento repetição e libertação.
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(3) Comunicar /retratar
Quando
confrontada com a palavra espaço “hospedeiro”,
a associação com a comunicação virtual, usando as novas tecnologias foi directa.
Todos
nós actualmente estamos a realizar diversas ações através da internet (meio
virtual) em espaços físicos, deixando estes totalmente intactos quando estas
terminam. Nada é realmente executado no espaço físico … nada é alterado
nele, tudo é passageiro e momentâneo.
O exercício corresponde à realização de uma videochamada com uma amiga. Pedi - lhe para me retratar através de um desenho feito sobre um vidro, quando esta ação terminou,
ela procedeu à limpeza do vidro e eu terminei a minha videochamada.