17.10.16

Transferência – de- uso / Cláudia Peralta

Seminário 1
Transferência - de -uso


 Começo por salientar em primeiro lugar a minha relação com os três exercícios da transferência-de – uso em vários campos performativos. Tendo pessoalmente uma relação bastante intima e impulsiva com o desenho, tive que me forçar a um pensamento prévio e a um esboçar de várias ideias para a realização dos exercícios, que me levaram a questionar o meu vinculo ao desenho.


(1)    Amanhar





Este é um ato corriqueiro que esta por norma associado a qualquer mercado ou peixaria. Decidi extrair esta ação de experiências pessoais com este ato, e adapta-lo a uma intervenção no papel. Foi importante a relação Acão -  Local, visto que realizada no mercado em cima da bancada da peixaria seria dada como normal  mas quando transferida para o chão do mercado sobre algumas folhas de papel, criou estranheza e uma ligação absurda, pois esta é descontextualizada no espaço e na sua finalidade.
O alimento transformou – se numa ferramenta.
De modo sucinto comprei uma lula, ajoelhei me no chão do mercado do Bolhão e “amanhei” o animal sobre três folhas de papel, retirei os olhos, a boca e a tinta, usei as estranhas, os tentáculos e o corpo da lula para desenhar.



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(2)    Amuar/ circular






Escolhi o jardim botânico para concretizar estas duas ações entre corpo e espaço, criando uma contradição entre ambos. O ato de amuar é um sentimento infantil e irracional, como se tratasse de uma chamada de atenção para o outro.
O que é amuar? Como amuar um espaço? Esta emoção excessiva levou-me a questionar o ato em si e a sua relação com espaço.  O porquê desta associação com o verbo circular, o ato emotivo de amuar é bruto e estagnado, circular é na minha perspectiva um ato de movimento repetição e libertação.


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(3)    Comunicar /retratar



Quando confrontada com a palavra espaço “hospedeiro”, a associação com a comunicação virtual, usando as novas tecnologias  foi directa.
Todos nós actualmente estamos a realizar diversas ações através da internet (meio virtual) em espaços físicos, deixando estes totalmente intactos quando estas terminam. Nada é realmente executado no espaço físico …  nada é alterado nele, tudo é passageiro e momentâneo.

O exercício corresponde à realização de uma videochamada com uma amiga. Pedi - lhe para me retratar através de um desenho feito sobre um vidro, quando esta ação terminou, ela procedeu à limpeza do vidro e eu terminei a minha videochamada.