1.12.16

João Oliveira | Transferência-Imagem-Acto

Instrução para a realização de uma acção:

A instrução que realizei e partilhei com o meu colega João Gomes Gago, consistia numa impressão que criei a partir de uma chapa de zinco em que gravei uma imagem de uma figura feminina (essa imagem original não é da minha autoria, foi retirada e copiada por mim de um portefólio que compilei de uma forma aleatória e irresponsável e que, por esse motivo, infelizmente não consigo creditar.)
 
Esta impressão foi produzida aprori deste exercício, ou seja, não foi produzida tendo em mente esta finalidade, mas selecionada, por um lado, pela natureza da técnica envolvida no processo e por outro, pela carga emocional da imagem em si.  Na margem direita da imagem inscrevi a frase/instrução: “Devolve à escultura”. Essa instrução foi deliberadamente vaga e aberta a múltiplas interpretações, procurando não "ordenar" mas sugerir ou insinuar uma possível acção que, (a meu ver) adviria de duas possíveis interpretações, nomeadamente, uma abordagem mais orientada pelos aspectos técnicos ou por uma interpretação mais emocional do enunciado. A palavra “devolve” serve para reforçar essa dualidade, pela sua ambiguidade.
 
Algumas definições:
Fazer devolução de, restituir, fazer voltar (ao dono, à origem), recusar, não aceitar, reenviar (por rejeição),transmitir, responder, delegar.

E se formos ao ponto de considerar a sua definição em inglês: to gradually go from an advanced state to a less advanced state”.


A abordagem do meu colega João Gomes foi mais centrada no aspecto visual da instrução do que no verbal.

 Citando a sua interpretação:

“Procurei retirar o carácter temperamental (psicológico) da figura retratada. Apontei palavras como: melancolia, abandono, mágoa, desgosto, abstracção, divagação, ausência (e esta última terá levado ao realizar da acção).”

Dessa interpretação resultou uma performance:


Registo fotográfico do resultado/marca/vestígio da acção:




Instrução para realização de um desenho, ou uma série de desenhos:


Instrução realizada por João Gomes Gago:

"Liga para alguém, pede a essa pessoa para descrever o que tiver à frente..."
"Realiza um/uns desenho(s) consoante a descrição"

 



 Esta instrução é mais complexa do que aparenta, pois implica o envolvimento de uma terceira pessoa, um intermediário entre quem cria a instrução e quem a executa e sem a qual o processo é interrompido (tendo em conta que a minha interpretação da instrução foi literal) o seu envolvimento implica um elemento de aleatoriedade à instrução tornando o resultado impossível de prever por parte do "instructor" a  uma vez que "delega" parte dessa instrução.
Como já mencionei a minha interpretação da instrução foi literal, "liguei" para alguém e pedi uma descrição daquilo que viam e registei o seguinte:

"A casa"
"Os montes"
"A terra parece pedra por causa da chuva e do frio"
"Há uns raios de sol a furar..."
"Árvores a ficarem despidas e outras (plantas) a rebentar"
"Cores de Outono"




Desses elementos descritivos seleccionei apenas os quatro últimos a partir dos quais realizei os seguintes desenhos onde procurei ilustrar as imagens que esses elementos me sugeriram tendo dado especial importância e relevo a determinadas palavras, nomeadamente, "pedra", "árvores", "furar", "rebentar":