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Instruções criadas para realização das instruções |
EXECUÇÃO NA ORDEM
ENCHE
CLARIFICA
PERSEGUE
DESFOCA
RISCA/CIMA
OUVE/BAIXO
RECOLHE
ÁLBUM
álbum montado começando por 'recolhe'
Detalhe de 'ouve/baixo'
Detalhe de 'risca/cima'
Detalhe de 'desfoca'
Detalhe de 'persegue'
Detalhe de 'clarifica' e 'enche'
Caroline - Sandra
Instruções criadas por Caroline Cruz para Sandra Laranjeira |
INSTRUÇÕES PARA NÃO SER VISTO NEM OUVIDO
Nesta instrução pedi que a pessoa que fosse executá-lo fizesse um registo de si mesmo de modo que esteja presente porém camuflado na cena, "não ser visto nem ouvido". A ideia de visível e invisível pode ser interpretada de múltiplas maneiras diferentes e, nesse caso, não ser ouvido está associado ao pedido específico do uso da fotografia como técnica de registro, já que é o fragmento da captura de um momento transferido para uma superfície na forma de uma imagem (sem sons ambientes). O ser que se camufla não só está presente como intencionalmente esconde-se e se mescla com o ambiente como um fotógrafo que não quer ser registrado e não quer ser o objeto em destaque. O papel do fotógrafo, aqui, é fazer-se presente sem ser visto.
Na situação I, Sandra fez um vídeo onde podemos vê-la caminhar para dentro da cena e se posiciona até desaparecer, se camuflar com o cenário. A fotografia retirada do vídeo mostra dois momentos, em um a vemos e no outro não. Se só considerarmos a imagem em que não a vemos, há a dúvida de se ela realmente estava no local. Como temos outros registros, como o vídeo, podemos concluir que ela está, de fato, presente na cena. Na situação II, Sandra se posiciona atrás de um muro e faz um registro do seu ponto de vista, que mostra um prédio. As imagens retiradas do vídeo mostram como não só Sandra se esconde, como o prédio que vê também está bloqueado pelas silhuetas de um muro, de árvores e vegetação que se mesclam e dão origem a uma só estrutura, formada pela escuridão.
SITUAÇÃO I
Imagens retiradas do vídeo
SITUAÇÃO II
Imagens retiradas do vídeo
TRANSFERÊNCIA IMAGEM-ACTO
RITUAL PARA PANDORA
Nesta instrução, a menção ao mito de Pandora serve de inspiração para a elaboração de uma espécie de “baú” que armazena medos. Pedi que, após ilustrar estes medos, a caixa fosse lacrada de forma que seja de difícil abertura. As instruções foram construídas no formato de uma prática ritualística, como uma espécie de “terapia de desabafo” e incentiva a projeção (na forma de desenhos) destes sentimentos que mantemos presos e escondidos dentro de nós mesmos. A caixa, nada mais é, que uma metáfora para a opressão destes sentimentos que muitas vezes são desconhecidos e tratados como segredos.
Sandra decidiu interpretar seus próprios medos traduzindo-os para o formato de símbolos ou códigos que somente ela sabe decodificar. Ela não só fez os desenhos como incluiu objetos, como uma moeda brasileira e uma faca de corte, que carregam grande significado pessoal e transmitem-no para a obra de maneira mais concreta que uma representação pelo desenho. Acredito que esta tenha sido a maneira que ela encontrou de executar o exercício sem precisar expor muito um lado de si que quer manter oculto, porém o conjunto apresenta-nos de forma única às experiências de Sandra e nos dá uma chance de conhecer uma parte da sua história pessoal através de uma linguagem que carrega em si a personalidade da artista.