13.12.16



Toque erótico - Workshop 2

O “objetivo” deste trabalho é jogar com a existência de uma idéia de performidade usando uma ação instruída. Nesse contexto, pensei em criar uma antítese do ato onde a própria instrução desconstrói a performidade, gerando assim um ciclo de desconstrução fomentado pela tentativa de execução. Baseado nessa idéia, era necessário que fosse criada uma instrução onde sua execução, exata ou não, iria de oposição ao que se queria propor ao ato. Minha parceira de trabalho foi a Gabi.

“Toque de forma erótica em uma parte do seu corpo que não alcança com as mãos.”

Sabendo que o toque é o estado onde a mão entra em contato com outro corpo, descreve-se uma ação onde existe uma impossibilidade conceitual. Pedi para a Gabi tocar numa parte onde não pode alcançar com as mãos. Ou seja, analisando a própria idéia de toque e descrevendo a sua impossibilidade, se cria um fluxo infinito de tentativas onde a possibilidade de concretização inviabiliza o ato. Usei um termo fetichista como elemento de distração, o erotismo como termo desviante da plot principal tira o foco do ato propriamente dito deixando sua concretização mais complexa e dificultosa. A instrução é um mero elemento de guia, contudo parte do seu significado está além de sua própria execução, cabendo assim, uma não execução da instrução. Quebrando o ciclo infinito de ação e sua impossibilidade.
Gabi optou por não agir. Acredito que pela impossibilidade do ato a reação de simplesmente ficar estática reflete bem a sugestão do ato. Interpreto a inércia da Gabi como o reflexo de uma personalidade que busca fugir desse ciclo.
Quando pensei nessa performance pensei na busca infinita humana por algo apesar das constantes distrações e na finalidade do interesse ao conquistar determinado objetivo.

“Faça um desenho de como seria o toque da ação proposta”
Baseado na ação, pedi pela construção de um desenho fundamentado no que se pensa sobre o ato anterior. Uma interpretação livre da ação em si.

João Paulo Freire