Chá de Calma. Bordado em infusões de chá de Camomila.
Chá de Calma. Frame de registro em vídeo.
Durante sete dias estive sozinha em casa, meio à uma situação inédita de pandemia, foi necessário recorrer à palavra de ordem: calma! Me fez lembrar o ritmo vagaroso da geração da minha avó, quem me ensinou, com o bordado, a paciência.
Também minha avó dizia que chá de Camomila serviria.
Todo dia ela faz tudo sempre igual e um desvio. Auto-retratos.
Ainda em isolamento social, crio uma nova relação com o espelho. Percebo que essa tecnologia é o primeiro ensaio para a cultura da "selfie". Reflete por dias e dias seguidos a mesma imagem, os mesmos atos e me acompanha nessa rotina alternativa que me foi imposta, datando hoje, 18 dias. Quando que eu deixo de ser eu e me torno apenas o reflexo de mim?
O meu reflexo carrega o mesmo conteúdo, as mesmas memórias de mim?
Que trocas possíveis existem entre eu e o meu reflexo?
O ato desviante numa auto-representação pretende ultrapassar a barreira do "eu", numa manifestação de auto-cuidado necessário no momento que estamos vivendo (além de claro, o urgente cuidado a nível comunitário).