O primeiro momento do workshop incidiu na
transferência de uma ação do nosso dia-a-dia para o suporte de desenho. Segundo
uma lista pré-realizada, onde constam ações corporais e de manutenção do lugar,
selecionei o “arranjar” do cabelo como aquela que pretendia transpor. Através
da grafite em pó, encontrei a possibilidade de espalhar (pasta de moldar), de
avolumar (laca de cabelo), de vincar/moldar (escova) e de esticar/alisar (secador) o meu cabelo, ou seja, o meu suporte de desenho.
Representei também
toda irritabilidade que esta ação constante me transmite, sobretudo através do
contacto das mãos e dos seus diversos e variados gestos com os fios de cabelo
(folha). A ação resultante no desenho carece de uma forma de expressão nunca
antes vivenciada, obtendo de forma gráfica e visual um fragmento de uma conduta
diária.
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Resultado Final_Momento1 |
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Processo_Momento1 |
Seguidamente, o objetivo incide na
exploração entre duas ações de campos performativos distintos, uma relacionada
com a manutenção do corpo e a outra com a manutenção do espaço. Assim optei
pelo ato de pestanejar e pelo ato de aquecer, respetivamente. De forma a
culminar os dois e demonstrá-los em aula, procurei destacar aquilo que os
caracterizava e os atos que lhes fossem sinonimamente igualitários.
Pestanejar-Escuridão. Aquecer-Superficie/Mãos.
Em suma, trespassei para a
superfície o ato momentâneo de a escurecer (tal como as pálpebras ao abrir e
fechar) em simultâneo com o ato de aquecer a superfície como quando queremos
aquecer as nossas mãos num ambiente frio. A ação é metaforicamente evidencia
utilizando um meio para alcançar a semelhança, ou seja, a superfície de uma
mesa, descontextualizando o contexto vulgar dessas mesmas ações.
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Processo em Aula_Momento2 |
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Registo Fotográfico_Momento2 |
Por fim, o último momento do workshop prendia explorar
a evidência de um novo ato distintamente associado ao meio de desenho para
qualquer vertente que não a do papel. Com este propósito, salientei o ato de
sobrepor algo no nosso desenho, através da colagem de diversas camadas de papel
no desenho, por exemplo, ou mesmo até com ao sobrepor da tinta ou das linhas.
Assim, desfiz uma mesma folha de desenho e, num canto isolado, procurei
espalhá-la naturalmente através de um simples gesto. Posteriormente, procurei
então sobrepor e organizar o material disponível (pedaços de papel) no meu
suporte (o chão).
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Primeiros Processos_Momento3 |
Simulei, com isto, uma ação mínima e comum no desenho através da sua ampliação em escala e da inversão dos meios (ser o desenho desmaterializado e desconstruído o meio para efetuar as sobreposições), desviando o termo abordado numa via diferenciada da original.