6.3.20

Transferência de Uso | Letícia Poyares

O Workshop e o Seminário sobre ‘Transferência de Uso’, além de ter sido uma aplicação muito clara sobre os conceitos debatidos em aula, foi também uma forma de me tirar da minha zona de conforto, ser espontânea com meus pensamentos, testar mais de uma possibilidade e forma de produzir um ato performático.


No primeiro exercício escolhi um verbo do meu dia a dia, OBSERVAR, e deveria transferir ele para a forma de um desenho. Como eu percebo o ato de ‘observar’ algo muito pessoal, tive como objetivo desenhar algo, uma casa, onde eu, e o outro, pudesse observar através dela, onde cada um tem uma experiência individual. Enquanto eu observava através da casa, criei uma lista de coisas e atividades que via acontecer. Apesar de ter realizado um exercício de performance, transferindo o ato de observar para o desenho de uma casa, ao debater o exercício com os outros colegas pude perceber a necessidade de experimentos pessoais de forma mais sensorial através do ato de desenhar.




Já no segundo experimento, era necessário realizar a transferência entre um verbo relacionado ao corpo e outro sobre o espaço, foram escolhidos: ENTRAR e MEDIR. Neste exercício pude usar meu corpo de forma mais espontânea, quase um regresso a infância, onde procurava me encaixar nos lugares. Durante a performance, procurava espaços dentro da sala, media-os mentalmente e percebia como meu corpo poderia entrar neles.





Por fim, no terceiro exercício, a transferência se deu entre um verbo relacionado ao desenho e o espaço. Escolhi o verbo RASGAR e o realizei em uma janela, desta forma, a cada pedaço retirado, eu ia revelando uma paisagem a ser observada, retornando ao ato de ‘observar’ do primeiro exercício. Após todo o papel ser rasgado comecei a REMONTAR o papel, o que permitia a continuidade do ato de ‘observar através de...’.





Esses exercícios resultaram em reflexões sobre como a transferência de ações, gestos e movimentos para outros fins, em outros contextos, geram algo novo. Esse processo, de transformar um gesto cotidiano em um gesto artístico, me faz ter um olhar diferente sobre as atividades que acontecem e se repetem no espaço público. Surge então uma questão sobre a performatividade das atividades realizadas em espaço público.