Desenho, instrução e performance: Ana Sofia Ribeiro em
reposta a Carolina Gomes
I Ação
Foi-me proposto percorrer todas
as divisões da minha casa, enquanto segurava uma vela acesa. Deveria também
simultaneamente prestar atenção ao ritmo e ao tempo do circuito, sem deixar que
a vela se apagasse. No decorrer da ação percebi que teria de controlar o
movimento do corpo assim como o meu ritmo, para que este não provocasse
correntes de ar entre o espaço e o próprio corpo. Da mesma maneira reparei que
enquanto subia e descia escadas a minha respiração inconscientemente tornou-se
também bastante fiscalizada e o olhar permaneceu fixado na chama, talvez por
medo de que se apagasse ou de que ocorresse algum acidente. O tempo total foi
de 3:14.24. e permitiu-me revisitar memórias de noites em que a tempestade fazia
faltar a luz.
II Desenho
Também
no segundo exercício o uso da vela foi recorrente como formador de processos de
desenho. Assim através da aproximação do papel da chama formaram-se manchas
escuras, no qual tentava movimentar horizontalmente para que este se
assemelhasse à área do meu país, como pedido. No decorrer do desenho na expectativa de que o
papel ardesse mais facilmente procedi com cautela. Porém percebi rapidamente
que o papel não ardia, levando-me até a encostá-lo demasiado à própria vela,
fazendo com que esta se apagasse e manchasse-o com cera. Após ter terminado
passei o dedo sobre o desenho criado onde reparei numa marca deixada pelo
próprio dedo, ficando este coberto de pó preto