3.4.20

Rétorica do Ato Performativo



Neste projecto foi-nos proposto que explorássemos a retórica como uma lente que nos permitisse visualizar uma mensagem produzida por uma imagem/ato, num contexto de auto-representação. 
Comecei por cobrir a mão com pedaços de fita-cola até cobrir a totalidade da minha mão, formando uma luva de fita-cola. A fita-cola está associada com a ideia de “prender algo” ou “restringir e segurar algo”, evitar que alguma coisa se mova. Pegando nessa mensagem de restrição e o ato de segurar, decidi envolver a minha mão toda em fita-cola para espelhar a minha sensação diária de clausura dentro do meu próprio corpo, sensação esta provocada pela epilepsia. Resumidamente, a epilepsia é uma doença a nível neurológico que desencadeia uma quantidade de descargas eléctricas entre neurónios, podendo causar assim, hiperatividade e espasmos. O corpo tem dificuldade em gerir esse excesso de actividade e energia produzida o que muitas vezes cria uma sensação de clausura no próprio corpo. Como se tivéssemos uma intensa comichão, mas o nosso corpo estivesse preso num casulo. Sofrendo de claustrofobia, toda esta sensação se torna mais enfática. Este casulo em fita-cola tem então como objectivo demonstrar, de forma visível, essa sensação diária que faz tão parte de mim. Este objecto reúne um conjunto de factores que o tornam num “eu”. Um molde da minha mão que actua como um casulo, casulo esse que é comparado a uma sensação física de clausura  e restrição. Um impedimento de conseguir expressar e aliviar o excesso de energia produzido pelo meu próprio corpo. Uma luta entre mim e “eu”.