O terceiro workshop intitulado Desenho, Instrução e Performance tinha como objetivo explorar mas a fundo os efeitos e resultados sob a ação da instrução. Dadas as duplas com quem iríamos realizar o exercício, cada um tinha como objetivo desenvolver duas instruções para que o outro executasse. Meu trabalho em colaboração com o colega Rui Mota, tentou de alguma maneira traduzir os meus processos de trabalho do mestrado para que o colega pudesse perceber as temáticas abordadas. Uma série simples de ações e desenho envolvendo o espaços públicos e o COVID-19 que envolvessem o ato performático da brincadeira.
As instruções do colega Rui Mota traziam duas propostas distintas para serem executadas e analisadas. A primeira instrução envolvendo o desenho traziam reflexões sobre a presença de um objeto estampado em outro artefato, talvez o registro da presença como memória em outro objeto. As instruções foram simples de serem entendidas e não houve um dúvida sobre sua execução. Escolhi um pedaço de papel e um objeto, no caso uma caixinha de som utilizado todos os dias durante esse momento de pandemia para escutar música. As instruções mandavam escrever em grafite qual era o objeto escolhido, os materiais que o compunham, as dimensões do objeto e o seu peso. A seguir, as instruções mandavam pegar esse papel para embrulhar o objeto o amarrotando e assim registrando todos os contornos do objeto na folha. O processo tinha que ser feito com paciência para que o papel pudesse assentar melhor aos detalhes do objeto. Depois, ao desamassar a folha com cuidado, tive que utilizar um ferro de passar roupa para tentar reverter o processo e tentar trazer o papel ao seu perfil original. Utilizando um ferro de passar roupa, com cuidado fui vendo a folha tomar sua forma novamente, mas estampado nela se notavam as marcas do objeto que não sairiam mais. A presença do objeto estaria marcado no papel como uma memória do processo. Conclui com a assinatura do autor da instrução Rui Mota e o nome de quem a executou, Derek Orlandi.
A segunda série de instruções traziam questões performativos a respeito dos espaços de circulação. A temática sendo obstrução de passagem, haviam duas partes para essa instrução. A primeira sendo a performatividade em obstruir o caminho, posicionando objeto em um corredor e assim alterando a sua configuração e consequentemente o caminho da sua passagem. A segunda parte da instrução era a ação de caminhar por esse espaço obstruído e entender as emoções resultantes por tentar ultrapassar as barreiras impostas. O registro tinha que estar presente ao realizar essa ação. As instruções dados se iniciam com a escolha de um lugar para a intervenção, um corredor ou algum espaço de grande circulação. Ao escolher o corredor, tinha que colocar um objeto qualquer e caminhar pelo corredor desviando pelo objeto e tomando registro enquanto fazia a ação. Fui repetindo esse processo até que o caminho não não possibilita mais a passagem. Ao iniciar o exercício, o desvio desses obstáculos era feita com muita facilidade. Ao longo que fui acrescentando mais objetos, meu ato se tornou mais incomodo, um pouco desengonçado. Senti uma certa estranheza ao tentar ultrapassar a barreira que eu mesmo tinha ali posto. Mas foi um exercício que cumpriu com o seu objetivo, criar uma instrução inconveniente.